No dia 21 de janeiro, cinco dias depois de entrar em vigor mais um Estado de Emergência, o Ponto SJ reabriu o Ponto de Abastecimento. Esta rubrica especial do nosso portal, dedicada a propostas espirituais para ajudar a viver melhor o confinamento, já tinha sido importante para a comunidade digital do Ponto SJ na primeira vaga da pandemia e voltou a sê-lo neste segundo confinamento. Por isso, muitos artigos, podcast e vídeos divulgados na seção da Fé nos primeiros meses do ano serviram este propósito de apoiar o aprofundamento da vivência da Quaresma e do tempo pascal, mas também de cada domingo em que fomos forçados a participar na eucaristia apenas através dos meios digitais. Foram exemplo disso a oração semanal proposta na Igreja Doméstica, o podcast Pausas para Inspirar, que diariamente nos trazia uma meditação de final de dia, as Conversas Inquietas que se debruçaram sobre vários temas religiosos, e a missa transmitida diariamente de uma das comunidades jesuítas.
O retomar gradual da vida pastoral com o regresso dos crentes às comunidades eclesiais foi suscitando a reflexão sobre a prática religiosa e litúrgica e vários autores foram partilhando as suas interrogações. Sobre a forma como este tempo foi vivido, o que ficou de aprendizagem destes confinamentos com eucaristias online e onde a comunidade familiar foi chamada a ser realmente igreja doméstica (leia-se o artigo de João Paiva sobre isto mesmo), mas também sobre como isso traduz a forma como celebramos em Igreja em tempos normais. Depois de ter publicado em 2020 um texto sobre como a pandemia estava a afetar a liturgia, o P. José Frazão Correia prosseguiu a sua reflexão sobre o rito litúrgico, lembrando que liturgia é ação e “não ação de um só ou de uns poucos em benefício dos restantes, quais destinatários passivos, mas de toda a assembleia, a qual, tal como o presidente e como cada um dos fiéis, é, ela mesma, sujeito ativo”. Num outro artigo sobre a transmissão da fé e a tensão que se vive entre conservação e mudança, o jesuíta sublinhou a necessidade de uma conversão do olhar, para ver mais e ver melhor. Ainda sobre este tema da liturgia, escreveu o P. Miguel Neto, e a publicação do Motu Proprio “Traditionis Custodes” sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma de 1970 voltou a trazer este tema para o debate, com os contributos do P. José Frazão Correia e do P. Pedro Santos.
A dinâmica imposta pelo Papa Francisco a toda a Igreja, com a convocação de um Sínodo dedicado à sinodalidade, foi também um tema incontornável na secção de Fé. Aqui contámos com o contributo especial da Ir. Nathalie Becquart, subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, que abordou o tema das mulheres numa Igreja sinodal, e também com dois artigos sobre esta dinâmica em curso: um de João Paiva e outro do P. António Ary, sj.
Em Ano Inaciano, de comemoração dos 500 anos da conversão de Santo Inácio de Loiola, a espiritualidade inaciana e a conversão proposta pelo fundador da Companhia de Jesus foram tema recorrente no Ponto SJ. Daqui destaca-se o artigo escrito pelo coordenador do Ano Inaciano, P. Miguel Pedro Melo (Da ferida brotou um processo), os textos do P. Nuno Branco sobre as várias fases da conversão de Inácio, publicados ao longo do mês de julho, os artigos sobre os Exercícios Espirituais (a primeira preferência apostólica da Companhia para os próximos anos) e ainda as reflexões sobre a indulgência plenária, concedida pelo Papa Francisco durante este Jubileu.
Ainda no Ponto SJ ao longo destes meses, os temas relacionados com a fragilidade e o cuidado com o outro foram recorrentes, com autores como Isabel Lopes Cardoso, Marta Parada Carvalho e Suzana Mendes Gonçalves a debruçarem-se sobre eles com regularidade.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.