Olive Kitteridge: pelos olhos de quem vê a vida a passar

Para esta semana, a Brotéria traz-nos o livro que valeu à sua autora, Elizabeth Strout, o prémio Pulitzer de ficção, e cuja história foi adaptada para uma minissérie da HBO.

Para esta semana, a Brotéria traz-nos o livro que valeu à sua autora, Elizabeth Strout, o prémio Pulitzer de ficção, e cuja história foi adaptada para uma minissérie da HBO.

A vida rotineira tem tanto de magnífico como de trágico. Os dias passam e ninguém dá por eles. De repente, acabou mais uma semana, um mês, um ano. Entretanto, à nossa volta, apesar da realidade parecer inalterada, tudo mudou. Todos envelhecem: as crianças ficam adultos e os adultos ficam velhos. As famílias mudam de casa, os negócios vão à falência. O aspeto das ruas, que para nós eram eternas, muda. A terra é a mesma, mas a sua imagem torna-se diferente, porque – sim – tudo mudou. Esta é a ideia condutora de Olive Kitteridge. Para este romance, construído por uma encruzilhada de treze contos, Elizabeth Strout, premiada autora norte-americana, inspirou-se na vida de todos nós e nos sentidos que pautam, de forma transversal, as nossas existências diárias. A personagem principal é, claro, Olive Kitteridge, «a temível professora de Matemática no liceu». Ainda que não seja sempre a figura de destaque, Olive assume contornos omnipresentes. Afinal, por lecionar na única escola de Crosby, a protagonista conhece várias gerações de habitantes desta vila costeira no Maine. É uma personagem forte, o reflexo da afinada capacidade de Strout para retratar os principais estádios da condição humana e da vida numa comunidade pacata, afastada da confusão frenética dos grandes centros urbanos.

É a partir da vida que constrói com a sua família, formada pelo marido Henry e o filho Christopher, que alcança todas as pessoas que vivem na pequena cidade. Em Olive Kitteridge, não existe uma história igual à outra. Os intervenientes são quase sempre distintos e cada narrativa é independente. No entanto, o final de cada conto confunde-se sempre com o início do próximo. E em todos Olive, direta ou indiretamente, revela ao leitor as perspetivas que a guiam; os estados de espírito que produz; e todos os medos e desejos que sentiu ao longo da vida.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.


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Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.

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