1. Como mel para a boca
Um coro de crianças judias canta uma versão verdadeiramente eletrizante de Shalom Aleichem (“A paz esteja convosco!”), um cântico de bênção.
E, como bónus, a tradução da letra em português:
A paz esteja convosco, anjos servidores, anjos do Altíssimo,
Do supremo rei dos reis, o Santo, bendito seja Ele.
Que a vossa vinda seja em paz, anjos da paz, anjos do Altíssimo,
Do supremo rei dos reis, o Santo, bendito seja Ele.
Abençoai-me com a vossa paz, anjos da paz, mensageiros do Altíssimo,
Do supremo rei dos reis, o Santo, bendito seja Ele.
Que a vossa partida seja em paz, anjos servidores, anjos do Altíssimo,
Do supremo rei dos reis, o Santo, bendito seja Ele.
2. Um texto bíblico
O Templo de Jerusalém foi construído no tempo do rei Salomão e destruído por ocasião do exílio de Babilónia. Reconstruído mais tarde, quando Judá era uma província do Império persa, o Templo foi profanado pelo rei Antíoco, que instalou no recinto estátuas de deuses gregos. A revolta dos Macabeus restabeleceu a independência nacional e permitiu a purificação do Templo e o restabelecimento do culto.
Judas e os seus irmãos disseram então:
– Os nossos inimigos estão aniquilados; subamos, pois, purifiquemos e restauremos o santuário.
(…) E arranjaram as pedras intactas, segundo a lei, e construíram um novo altar, semelhante ao primeiro. Restauraram também o templo e o interior do templo e purificaram os átrios. Fizeram novos vasos sagrados e transportaram para o santuário o candelabro, o altar dos perfumes e a mesa. Queimaram incenso sobre o altar, acenderam as lâmpadas do candelabro, para iluminar o templo, colocaram pães sobre a mesa e suspenderam os véus, terminando completamente o trabalho empreendido. (…)
Precisamente no mesmo dia e na mesma hora em que os gentios o haviam profanado, o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, harpas, liras e címbalos. Todo o povo se prostrou com o rosto por terra, para adorar e bendizer aquele que lhes deu tão feliz triunfo. Durante oito dias celebraram a dedicação do altar e, com alegria, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão e de acção de graças. Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagraram as entradas do templo e as salas, nas quais colocaram portas.
Primeiro Livro dos Macabeus 4,36.47-51.54-57
3. O esclarecimento
Os judeus não celebram a festa do Natal, que é a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Mas, celebram uma outra festa por esta altura: a festa das luzes, Hanucá. A festa dura 8 dias e este ano começa na noite do sábado, dia 2 de Dezembro, e termina no domingo dia 10.
Por ocasião da festa da Hanucá, o judaísmo comemora a vitória dos Macabeus sobre os ocupantes gregos no século II antes de Cristo, tal como ela nos é contada no livro dos Macabeus (que, curiosamente, não faz parte da Bíblia dos judeus). Esta vitória permitiu aos judeus voltar a ter o controlo sobre o Templo de Jerusalém e a purificá-lo dos elementos pagãos. A luz da presença divina voltou a brilhar no Templo.
Para celebrar esta festa, cada família judaica acende diariamente as velas de um candelabro de oito braços (um para cada dia da festa). Nas cidades e vilas de Israel, milhares de velas iluminam a noite. A memória viva dos grandes acontecimentos da sua história é um dos tesouros do judaísmo. Essa memória irriga cada nova geração e funciona como uma seiva que tudo renova permanentemente.
4. E ainda uma palavra final…
A importância da memória recebeu um belo hino de louvor nas palavras de Hélie de Saint Marc (2014):
Que seria um homem sem memória,
Não teria futuro.
Que seria um homem sem memória,
Caminharia no esquecimento.
Porque o passado ilumina o presente que encerra em si
O essencial do futuro.
Na sucessão dos tempos e na sucessão
Dos homens, não existem atos isolados, destinos isolados,
Tudo está ligado.
É preciso crer na força do passado,
No peso dos mortos, no sangue e na memória
Dos homens.
Que seria um homem sem memória,
Caminharia na noite.
E os homens do futuro,
Aqueles que o forjarão, serão aqueles
Com a mais longa memória.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
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