Não quero esquecer. Quero aprender e agradecer!

Uma jornada de memória, luto e afirmação da esperança tem lugar de 22 a 24 de outubro como forma de evitar que façamos tábua-rasa da experiência traumática que o último ano representou. Ana Cordovil testemunha a sua adesão a esta jornada.

Ontem só os pássaros cantavam… sem resposta.

Ontem os passos soavam a medo e não tinham cara.

Ontem não podia sair para te abraçar, ouvir o teu riso.

Ontem ouvi lágrimas e descobri-me na solidão.

Ontem partiste sem um abraço nem a conversa desejada.

Ontem ficaram lágrimas sem colo.

Ontem a tristeza morava em mim.

Ontem soube de muitos que deram a vida para cuidar de quem sofria.

Ontem… e mais e mais… sem haver amanhã.

Hoje quero agradecer a quem cuidou das fragilidades.
Hoje não quero esquecer como foi difícil.

Hoje ouvi rir

Hoje o canto dos pássaros brinca com o barulho das crianças saindo para as escolas.

Hoje voltei a abraçar com emoção.

Hoje sei que cresci com a solidão, mas a tristeza das perdas está comigo.

Hoje quero agradecer a quem cuidou das fragilidades.

Hoje não quero esquecer como foi difícil.

Hoje quero aprender a melhorar no que tenho para dar.

Hoje assinei o Manifesto que nos propõe aprender com a Memória para a nossa Esperança ganhar mais sentido.

Hoje vou lançar um projeto com os meus vizinhos: queremos participar nessa jornada.

Amanhã, a 22 de outubro, estaremos juntos.

Porque a pandemia não me aconteceu a mim e a ti

Aconteceu-nos a todos.

Tocou a todos

É uma memória coletiva

Nela fundamos a esperança da terra a que aspiramos.

 

A jornada Memória e Esperança ocorrerá no fim-de-semana de 22-23-24 de outubro de 2021 em um ou mais destes dias, podendo extravasar para dias anteriores ou posteriores. Este é o link para quem quiser conhecer a iniciativa.

 

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.