O voto: entre o risco e o compromisso

Fique a conhecer as propostas do Ponto SJ para ajudar a decidir o voto. De terça a quinta-feira, publicamos as respostas dos vários partidos a três questões essenciais: apoio aos mais pobres, aos mais jovens e combate à crise ambiente.

Fique a conhecer as propostas do Ponto SJ para ajudar a decidir o voto. De terça a quinta-feira, publicamos as respostas dos vários partidos a três questões essenciais: apoio aos mais pobres, aos mais jovens e combate à crise ambiente.

Entramos hoje na reta final da campanha eleitoral. Milhares de cidadãos já exerceram ontem o seu direito de voto, mas a grande maioria irá fazê-lo no domingo. Esta é sempre uma oportunidade para recordar um aspeto essencial da fé: “Uma fé autêntica – que nunca é cómoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela.“ (Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 183).

Talvez o tempo de pandemia tenha aumentado a nossa impaciência, talvez tenhamos mais dificuldade em olhar à nossa volta e compreender o modo como o bem desejado e sempre prometido por Deus vai fazendo o seu caminho. Este desalento pode levar-nos a uma certa atitude de desistência e a uma descrença generalizada nas diferentes propostas políticas. Se essa descrença nos levar a uma desesperança que paralisa a nossa ação considerando, por exemplo, irrelevante o exercício do voto falhamos no compromisso que a nossa fé nos pede.

Não há certamente propostas políticas ideais. Em nenhuma delas se reflete de um modo cabal a exigência de bem e justiça que nos pede o Evangelho. Mas desistir de contribuir com o bem comum através do voto, desistir de um olhar crítico sobre a realidade, alinhar em discursos que levam ao extremo o dramatismo parecendo que nada há a fazer, não parecem ser atitudes discernidas e coerentes com uma fé comprometida.

Temos por isso que arriscar uma decisão. Mas importa que seja uma decisão discernida. O Ponto SJ quer contribuir para o discernimento de quem nos segue. Vamos fazê-lo ao longo desta semana de diversas formas.

Entre terça e quinta-feira publicaremos as respostas dos partidos com assento parlamentar a três perguntas relacionadas com as Preferências Apostólicas da Companhia de Jesus

1 – Que medidas pensam colocar em prática para apoiar os mais vulneráveis? (idosos, migrantes/refugiados, pessoas em situação de pobreza, doentes terminais)
2 – Que apoios estão pensados para os jovens? (acesso e progressão na educação, acesso ao mercado trabalho, início da vida familiar)
3 –  Como pretendem ajudar a responder à crise ambiental?

Na sexta-feira apresentamos duas propostas: uma leitura crítica dos nove programas eleitorais, procurando explicitar que modelo de sociedade implicam e como se refletem ou não neles os princípios da Doutrina Social da Igreja. E um debate a que demos o nome de “Último apelo”, com a colaboração de Francisco Guimarães, Jacinto Lucas Pires, Marta Carvalho e Raquel Vaz-Pinto.

 

Há sempre o risco de votar sem certezas absolutas sobre se é essa a escolha certa. Mas importa não deixarmos que essa incerteza nos paralise e debilite o sentido de compromisso. Com estas propostas, o Ponto SJ procura ajudar as pessoas que nos seguem a ter as melhores condições possíveis para fazerem a sua parte.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.