Se te sentes só no mundo e pensas que não tens um amigo

Hoje, é exatamente disto que vou falar: dos “pedacinhos de Céu” que são os Centros Universitários, às vezes despercebidos nos meios universitários, tesouros à espera de ser descobertos por cada estudante, por cada jovem.

“Se te sentes só no mundo e pensas que não tens um amigo,
Se te sentes uma ilha toda rodeada de mar,
Vem junta-te a nós, somos ilhas como tu.”

 

Para quem não conhece, isto é um excerto de uma música escutista chamada “Ilhas”. Por brincadeira, comecei a cantá-la no Centro Universitário Manuel da Nóbrega (CUMN) e agora já faz parte daquilo que chamo de cancioneiro popular “cumnístico”. Canto-a não só porque é engraçada, mas também porque me faz lembrar dos meus amigos escuteiros da “terrinha”. Faz-me feliz. E, coincidência ou não, aplica-se que nem uma luva àquilo que é a essência de um Centro Universitário.

Hoje, é exatamente disto que vou falar: dos “pedacinhos de Céu” que são os Centros Universitários, às vezes despercebidos nos meios universitários, tesouros à espera de serem descobertos por cada estudante, por cada jovem. Onde cabe sempre mais um e mais um.

(Atenção, pequena partilha pessoal, tenham lenços de papel à mão.) Eu tive uma educação católica, fui sempre muito bem acompanhado na minha fé, integrado e ativo numa comunidade paroquial, primeiro na catequese e depois através do Grupo de Jovens de Constantim, em Vila Real (um grande beijinho para eles!). Por isto, sinto-me grato, já que foi essencial para o meu desenvolvimento saudável e feliz. No entanto, cheguei à faculdade e reparei num afastamento gradual a esta comunidade devido à distância, à minha falta de tempo e disponibilidade. Em Coimbra, também não tinha uma vivência comunitária da Fé, pelo que surgiu aqui um vazio. Apesar de me ter enquadrado muito bem na cidade, na faculdade, nos estudos e na vida boémia, não misturava as duas coisas. Com todas as distrações naturais de uma mudança tão drástica como esta, tentei manter a minha Fé mas cada vez mais isolado e com mais dificuldade. E o pior, é que nem estava a reparar. Felizmente conheci o CUMN, um centro universitário católico em Coimbra, pertencente à Companhia de Jesus, que veio colmatar esta minha falta, que eu nem sabia que sentia. Lugar onde consegui juntar os “dois mundos”, que à partida pareciam intocáveis. E fico profundamente agradecido a este conjunto de pessoas que me acolheu como se eu fosse da casa, e agora, já o sou.

Isto foi o começo, mas, ao longo de dois anos enquanto animador do CUMN, ainda continuo a descobrir novas valências, novos brilhos, novas oportunidades e novas experiências por lá.

Agora deixemo-nos de lamechices e vamos ao que interessa. Mas afinal o que são os Centros Universitários e porque carambolas haverias de querer frequentar um?!

1. “Um sítio onde todos somos ilhas, mas estamos juntos”
Foi por aqui que comecei o meu texto e é um dos pontos mais essenciais para se perceber o que é a vivência de um Centro. Todos são bem-vindos nestas casas, sem exceção. Não há critérios, nem discriminações. É efetivamente uma casa aberta, o que faz com que, assim, exista uma diversidade de pessoas. Aqueles que sentem que poderão ter mais dificuldade em incluir-se, nada têm a temer, há aqui uma ajuda valiosa, também graças aos animadores, um conjunto de universitários que são responsáveis pela manutenção dos espaços, pelo ambiente e pelo acolhimento e animação da malta. Sermos felizes juntos é fixe, mas sermos tristes juntos também. Neste sítio, todos se apoiam. Nos bons e maus momentos. Ninguém está sozinho, nem mesmo as “ilhas”.

2. “Andam por lá jesuítas e não são os bolos”
A presença de padres jesuítas faz toda a diferença para que o nosso desenvolvimento e crescimento na fé seja acompanhado da melhor forma. Eles estão sempre disponíveis para ouvir, conversar, aconselhar. Podes, com eles, tirar dúvidas, ter conversas profundas e existenciais. Para além disso, ainda é possível enriquecer os nossos conhecimentos, graças à formação deles, e aprender com as experiências únicas que viveram ao serviço da Companhia. Claro que, como eles são uns porreiros, também estão à vontade para ir beber uma fresquinha ao café ou tocar umas guitarradas (e diz-se que alguns até são craques a jogar futebol).

3. “A Fé é centro, mas o Centro não é só a Fé”
Como disse, nestes sítios há de tudo. Tanto se fala do “Porto vs Benfica”, como de política ou arte. Tanto podes “tropeçar” num serão (atividade organizada pelos animadores) de oração, como numa festa de karaoke, ou num debate sobre economia. Podes participar em peregrinações, mas igualmente em torneios de futebol, ou numa campanha solidária. Há projetos de voluntariado, mas também palestras sobre “A Guerra Justa e o Direito Internacional”, por exemplo. Tanto pode estar a decorrer um concerto ou uma exposição de pinturas, como um sunset. Há missas para universitários. São, também, ótimos locais de estudo! Por isto, os Centros contribuem para um desenvolvimento integral. Podes enriquecer-te a todos os níveis, ao teu gosto, e sem pressas nem pressões.

4. “Deixa a tua marca e vai”
São pontos de chegadas, mas também de partida! O objetivo é que sejam um “porto seguro” durante o nosso percurso académico, mas que, quando este acabar, levemos um pouco deles connosco. Que a partir de lá, saiamos para todo o lado, como verdadeiros evangelizadores, preparados para espalhar a Mensagem de Cristo. E que, o que aprendemos e vivemos nos Centros, nos ajudem nesta nossa missão de sermos luz na vida dos outros.

Os Centros ligados aos jesuítas são o CAB, em Braga, o CREU-IL, no Porto, o CUMN, em Coimbra, o CUPAV, em Lisboa e o Casarão, em Évora. Uma palavra especial de agradecimento a todos que, de alguma forma, contribuíram e contribuem para que estes lugares se mantenham presentes na vida dos universitários. Aos nossos benfeitores, obrigado!

Se ainda não conhecem estas casas, espero que tenham ficado, no mínimo, com curiosidade, sei que vão adorar! Se já conhecem, continuem a aparecer! Se passarem pelo CUMN venham a um serão, jogar uma suecada, cantar umas músicas ou só beber um copinho e conviver! O último é um ovo podre!

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.