Homenagens a Camilo Pessanha e Joaquim Veríssimo Serrão na Brotéria de outubro

O novo número da revista Brotéria falará também de descobertas artísticas, cidadania e o papel dos filósofos. A apresentação do novo número terá lugar hoje, às 19h, na Brotéria.

A recente publicação da terceira encíclica de Francisco, Fratelli Tutti, é sumariamente apresentada no Editorial, tomando como fonte de inspiração o tema de uma tela, há pouco tempo redescoberta que reproduz um tópico clássico dos ciclos pictóricos da vida de Santo Inácio. A encíclica exprime o grande desiderato universal, de fazer do mundo em que vivemos uma comunidade fraterna, naquilo que toca às assimetrias sociais, económicas, étnicas e religiosas. Mais adiante na secção de Artes e Letras, o historiador de arte, Vítor Serrão, dedica um ensaio à referida tela. Da autoria do pintor jesuíta, Domingos da Cunha, o Cabrinha, esteve muitos anos desaparecida e foi recentemente adquirida pelo Museu de São Roque. Foi identificada graças a um texto do jesuíta Costa Lima na Brotéria de 1938.

A secção de Atualidade apresenta dois textos, um sobre educação e outro sobre migrações. O primeiro é do constitucionalista Jorge Miranda, que se manifesta claramente a favor de uma disciplina de cidadania e apresenta aqui uma proposta para um programa curricular de “Cidadania e Desenvolvimento”. O segundo, de Carmo Belford, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), olha criticamente para a nova proposta da Comissão Europeia para um novo Pacto para a Migração e Asilo.

A secção de Sociedade e Política volta o nosso olhar para fora do nosso país, em dois ensaios. O primeiro de Gonçalo Ribeiro Telles, que lança um olhar sobre a Guiné-Bissau, considerando-a um dos maiores laboratórios práticos de ciência política no mundo. No segundo, Ricardo Pereira, da FLAD, reflete sobre as experiências de estudar no estrangeiro como experiências de promoção da mobilidade de talento que são rentabilizadas ao longo da vida profissional e pessoal do estudante, mas são também uma das principais ferramentas daquilo que designa como diplomacia cultural.

Na secção de Religião, João Norton de Matos, SJ apresenta um ensaio que contextualiza a génese da teologia da cultura de Paul Tillich, através da biografia do teólogo que a consagrou como um ramo importante da teologia contemporânea.

Na secção de Filosofia, ainda sob o signo da pandemia, Maria Luísa Ribeiro Ferreira convoca os filósofos como parceiros de diálogo, sem preocupação em aprofundar ou discutir as suas teses, mas tentando encontrar nelas algo que nos esclareça e reconforte no momento presente, estabelecendo uma ligação entre a filosofia e a vida quotidiana.

Na secção de História, Tomás Pinto Bravo evoca a figura ímpar do historiador Joaquim Veríssimo Serrão, que nos deixou recentemente, apresentando o retrato de uma vida ao serviço do estudo e do ensino universitário, consciente de que a dimensão e qualidade da obra que nos legou excede galhardamente a média comumente produzida por qualquer historiador.

A secção Artes e Letras fecha o caderno principal da revista, com um ensaio de Mário Garcia SJ que evoca o centenário de publicação de Clepsydra, de Camilo Pessanha, o livro onde estava ele-todo, naqueles poemas, a sua Obra “completa”!

No caderno cultural, para além das habituais propostas de cinema, séries, exposições, e livros destaca-se o Ensaio Visual de Carolina Amaral, intitulado Stella Matutina.