Ser Igreja doméstica – Pôr a mesa

Este tempo de confinamento pode ser acolhido como convite de assumir cada casa, cada família como um lugar em que se constrói a Igreja doméstica, em que se põe a mesa com cuidado para que possa haver encontro verdadeiro. 

Este tempo de confinamento pode ser acolhido como convite de assumir cada casa, cada família como um lugar em que se constrói a Igreja doméstica, em que se põe a mesa com cuidado para que possa haver encontro verdadeiro. 

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Desenho P. Nuno Branco, sj

A proposta

Jesus passou bastante tempo à mesa e fez dela lugar de reconciliação e encontro. Foi à mesa que derrubou os muros que separavam puros de impuros.

A Eucaristia é um elemento central da nossa fé. Nela celebramos a morte e a Ressurreição de Jesus, recordamos a sua entrega por nós na cruz. Na consagração do pão e do vinho trazemos à memória essa entrega e o pedido de Jesus para darmos a vida como Ele a dá. A Eucaristia recolhe também no seu significado o modo de estar à mesa de Jesus e assinala a Sua presença real como fundamento da comunidade em que se dá o encontro e a reconciliação, em que se esbatem os muros.

Mas a Eucaristia não anula outros espaços em que a vida se joga, e em que se pode também recolher o modo de estar à mesa de Jesus em abertura e hospitalidade. Também aí a sua presença é verdadeira e constrói o que podemos ser como família e comunidade.

Este tempo de confinamento pode ser acolhido como convite de assumir cada casa, cada família como um lugar em que se constrói a Igreja doméstica, em que se põe a mesa com cuidado para que possa haver encontro verdadeiro.  É esta a intenção das propostas que faremos em cada domingo que não substituem a participação na Eucaristia. Cada uma delas terá um convite à oração pessoal, sugestões práticas, um desafio a celebrar e a partilhar a Palavra como expressão da presença de Deus.  um convite a alargar a mesa como expressão de uma comunidade familiar que se abre à realidade e ao mundo.

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Desenho P. Nuno Branco, sj

1. Pôr a mesa

Seria bom preparar dois espaços com cuidado para este Domingo. O lugar da refeição (procurando viver com mais tempo uma das refeições do dia) e o lugar onde a família se pode reunir para rezar a partir do Evangelho de Domingo. Havendo mais novos em casa é importante envolvê-los neste momento.

Para o lugar da Oração: preparar um sítio especial para a Palavra de Deus (Bíblia), colocada em destaca com uma vela ao seu lado. Pode-se também colocar uma cruz e flores. Idealmente, a Palavra deve colocar-se no centro, reunindo-se a família à sua volta.

2. Saborear a palavra – Tempo Pessoal

Num tempo de oração pessoal começa-se por escolher um local, procurar serenar respirando fundo. Ao ritmo da respiração pode repetir-se “Obrigado Senhor pela vida que me dás em cada dia.”

Depois, pode ler-se pausadamente o Evangelho

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».

1 – Os talentos que Deus nos dá não são o “jeito” que temos para as coisas. São a sua vida  partilhada connosco, o seu modo de ser que nos é oferecido em Jesus. Em que aspetos da minha vida me sinto mais chamado a ser como Jesus: na proximidade, no acolhimento, na capacidade de libertar os outros daquilo que lhes pesa?

2 – O que reconheço de talento com a marca de Jesus naqueles que vivem comigo. Penso em cada um deles e agradeço o que são.

3 – Que feridas reconheço na minha família? E como posso não enterrar os meus talentos e colocá-los ao serviço da cura?

A oração pessoal pode terminar com um Pai-nosso.

Tempo pessoal mais novos

Provavelmente os mais novos terão que ter alguém que os acompanhe num tempo mais pessoal. Depois de ouvirem a parábola do Evangelho pode-se ajudá-los a ter uma conversa com Jesus em que alguns momentos de silêncio em que são convidados a falar com Jesus, são intercalados com partilha com quem os acompanha.

Deixamos algumas perguntas que podem orientar esse momento:

Qual o talento que se eu usar bem me torna mais parecido com Jesus?

Que coisas boas reconheço nas pessoas que vivem comigo?

Como posso ajudar mais em casa?

Havendo mais crianças em casa pode pensar-se numa representação do Evangelho para fazer no momento de partilha da Palavra. Cada criança pode também fazer um desenho sobre aquilo que gostaria de fazer parta deixar as pessoas da casa mais contentes.

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Desenho P. Nuno Branco, sj

3. Partilhar a palavra

Escolhe-se alguém para orientar uma celebração doméstica da Palavra, procurando-se seguir os seguintes passos.

Sinal da cruz

Momento de Perdão – Estando-se em família cada um pode escolher uma coisa concreta pela qual pedir perdão. À medida que cada um pede perdão, pode haver uma pequena taça em um jarro de água e lavar-se as mãos recordando a água como símbolo de purificação.

Leitura do Evangelho

Momento de partilha – Cada pessoa pode responder à pergunta – Como ser mais mais como Jesus na família e na minha vida?

As crianças podem colocar os desenhos diante de todos e explicá-los.

Pai-nosso

4. Praticar a palavra

Em família, durante a refeição pensar o modo como durante este tempo se pode colocar os talentos familiares a render a favor de quem mais precisa. Recordando que este domingo assinalamos o “Dia mundial dos Pobres”, pensar numa estratégia familiar de atenção a quem mais precisa, que implique colocar os talentos familiares a render. Que não seja apenas dar, mas dar-se.

Guião em PDF – Aqui

Possíveis sites para Cânticos:

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.