“Pegar nas feridas e fazer caminho”

Na homilia da missa que marcou o arranque do Ano Inaciano, o Provincial dos Jesuítas lembrou o ferimento de Santo Inácio, há 500 anos, na Batalha de Pamplona, e como esse momento de fragilidade humana transformou profundamente a sua vida.

Na homilia da missa que marcou o arranque do Ano Inaciano, o Provincial dos Jesuítas lembrou o ferimento de Santo Inácio, há 500 anos, na Batalha de Pamplona, e como esse momento de fragilidade humana transformou profundamente a sua vida.

“É estranho festejar uma batalha”. Foi com estas palavras que o P. Provincial deu o mote à homilia que proferiu ontem, 21 de maio, na eucaristia que marcou o arranque do Ano Inaciano, no pavilhão do Colégio São João de Brito, em Lisboa. No dia em que se assinalaram os 500 anos da Batalha de Pamplona, onde Inácio de Loyola ficou gravemente ferido, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus reuniu-se nas suas  várias comunidades inacianas para celebrar a missa e festejar a fragilidade do seu fundador. “Uma fragilidade humana”, sublinhou o P. Miguel Almeida, “a partir da qual Deus pode finalmente trabalhar”.

O Provincial dos Jesuítas recordou o momento histórico vivido pelo então jovem guerreiro Iñigo naquele campo de combate e sublinhou “como é bonito ver que a história e o passado nos vão alimentando o presente”. Ao lembrar a batalha na qual Inácio empenhou todas as suas forças, e da qual pretendia sair um herói, o P. Miguel Almeida recordou que foi “preciso cair, ir ao fundo e não ter mais nada, ficar humilhado, para lhe caírem as defesas e Deus entrar para abrir portas e portinholas onde parecia não haver saída”.

Antes da celebração da eucaristia que aconteceu nas várias localidades onde a Companhia está presente em Portugal (Braga, Caldas da Saúde, Porto, Covilhã, Coimbra, Lisboa, Pragal, Évora, Portimão e Mexilhoeira Grande), as respetivas comunidades inacianas reuniram-se num momento zoom, onde se puderam apresentar e partilhar as suas expectativas para este Ano Inaciano.

Transpondo este ensinamento para os nossos dias, o P. Miguel afirmou que nas nossas batalhas também nos entregamos, procuramos o bem comum e ajudamos o outro, mas sublinhou como é difícil fazê-lo “desinteressadamente e desinteresseiramente”, sem ficar “irritado” quando não se é reconhecido. Por isso, acrescentou, enquanto “formos fortes”, e considerarmos que não precisamos de Deus, pois, “sozinhos resolvemos”, dificilmente conseguiremos fazer este caminho interior, com Deus, que Inácio de Loyola iniciou no seu período de convalescença e que se aprofundou ao longo de toda a vida.

No final da homilia que foi acompanhada por muitos localmente e também através da transmissão online, o Provincial dos Jesuítas manifestou o seu desejo para este Ano Inaciano: “gostava que as nossas feridas e dificuldades não surgissem como obstáculo, mas como uma possível porta para, com a experiência da minha ferida, eu me poder aproximar dos que estão feridos”. E acrescentou: “A vida sem feridas não existe. É é pegar nelas e fazer caminho”, tal como as feridas de Jesus, já Ressuscitado, “já não eram sinal de sofrimento e dor mas de entrega e amor”.

Antes da celebração da eucaristia que aconteceu nas várias localidades onde a Companhia está presente em Portugal (Braga, Caldas da Saúde, Porto, Covilhã, Coimbra, Lisboa, Pragal, Évora, Portimão e Mexilhoeira Grande), as respetivas comunidades inacianas reuniram-se num momento zoom, onde se puderam apresentar e partilhar as suas expectativas para este Ano Inaciano. Na sessão online, conduzida pelo Gabinete de Comunicação da Província, foi possível constatar o entusiasmo e a alegria com que este ano festivo está a ser acolhido.

Mais informações sobre o Ano Inaciano, e o que vai acontecer a nível local e global, podem ser consultadas no novo site do Ano Inaciano. 

Foto: Ricardo Perna

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.