Eutopos: Ensaiar mundos possíveis com Mariana Pestana

Que ferramentas e metodologias podem orientar-nos no sentido de imaginar e ensaiar futuros múltiplos ou alternativos àqueles que nos são apresentados como certos ou inevitáveis?

Que ferramentas e metodologias podem orientar-nos no sentido de imaginar e ensaiar futuros múltiplos ou alternativos àqueles que nos são apresentados como certos ou inevitáveis?

Eutopos: 3ª Conferência 

Este ano queremos, com humildade, abrir caminhos que nos ajudem a encontrar lugares, pessoas e modos de vida que sejam bons e capazes de transformar. Para tal, no primeiro trimestre do ano apresentamos três conferências sobre três topos nos quais o bem e o que é bom podem ser revelados: universidade, a palavra e estudo dos clássicos e arquiteturas temporárias como resultado do envolvimento da comunidade. Com isto, queremos ajudar a mostrar que a eutopia e a procura dos lugares onde a bondade se revela é um caminho mais promissor do que a utopia, onde a revelação da bondade é eternamente adiada.

 

Quinta-feira, 23 de Março às 19h  

A construção de mundo é um processo interativo, determinado a cada passo pelas ações que o moldam num sentido ou direção. Não existe por isso um futuro estável mas múltiplas possibilidades latentes, que podem ou não atualizar-se. Que ferramentas e metodologias podem orientar-nos no sentido de imaginar e ensaiar futuros múltiplos ou alternativos àqueles que nos são apresentados como certos ou inevitáveis? Se a imaginação é uma faculdade desigualmente distribuída, porque é condicionada por condições socioecónomicas*, que espaços e práticas podem contribuir para cuidar e nutrir esta faculdade?

Esta conferência explora o potencial crítico da ficção enquanto prática de questionamento do real e de experimentação de possibilidades. Parte de noções de mundos possíveis na ficção literária, e apresenta uma proposta de ficção-prática decorrente de processos colaborativos, expandido a ficção à prática de Mariana Pestana na área da arquitetura e curadoria: objetos, eventos e instalações que convocam encontros e criam espaço para imaginar e ensaiar possibilidades de futuro em conjunto. Propõe que o encontro com o outro em experiências coletivas produz espaços de concretização, de partilha de expectativas e visões, de procura comum por um lugar melhor.

*   Arjun Appadurai, The Future as a Cultural Fact: Essays on the Global Condition (London: Verso, 2013), 289–93.

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Mariana Pestana 
Mariana Pestana (1982) é arquiteta e investigadora. Doutorada em Arquitetura pela Bartlett School of Architecture (2019), fez Mestrado em Narrative Environments na Central Saint Martins, UAL (2010) enquanto bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, e é formada em Arquitectura pela FAUP, Universidade do Porto (2006). É co-fundadora dos The Decorators, um estúdio interdisciplinar que concebe objetos, workshops, eventos e edifícios através de processos colaborativos que investigam noções de lugar, comunidade e comensalidade. Foi curadora geral da 5a Bienal de Design de Istanbul Empathy Revisited: designs for more than one (2020-21) que comissariou intervenções no espaço público, instalações, projetos de investigação e uma série de filmes sobre solidariedade interpessoal e interespécies. Em 2020, editou o livro Fiction Practice: Prototyping the Otherworldly (Onomatopee, 2020) na sequência da curadoria de um programa para a Bienal de Design do Porto. Em 2019 foi co-curadora da exposição Eco-Visionários (MAAT, Lisboa, Matadero, Madrid e Royal Academy, Londres). Entre 2015 e 2019 trabalhou como curadora no Departamento de Arquitetura, Design e Digital no Victoria and Albert Museum onde foi co-curadora das exposições The Future Starts Here (2018) e This Time Tomorrow (Davos, 2016). Deu aulas na Central Saint Martins e Chelsea College of Arts entre outras universidades, e atualmente é Professora Assistente Convidada no Instituto Superior Técnico em Lisboa.

Entrada livre: Sim
Inscrição: Não
Local: Brotéria –  R. São Pedro de Alcântara

Duração: 1h30
Gratuito

 

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.


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Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.

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