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Francisco Montellano, sj
14 Janeiro 2022

Opinião Hospitalidade

Aprendi a ouvir com uma cega

A precipitação sobre o outro faz-nos cavalgar a nossa opinião sobre a fragilidade da relação; a brusquidão precipita o fechamento, como as ostras escondem as pérolas.

Francisco Montellano, sj
14 Janeiro 2022
  • Hospitalidade Aprendi a ouvir com uma cega
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Em tempo de eleições, estamos todos com a atenção voltada para os debates, para a troca de argumentos e de ideias, procurando algo que nos ajude a expressar os nossos desejos para o país, para a sociedade, para os outros – os que conhecemos e os que não. Por isto mesmo, tenho sido interpelado pela nossa tão escabrosa incapacidade de conviver com o que nos escandaliza, com o que é diferente de nós.

Tive a oportunidade de me cruzar, há uns dias, com um documentário sobre a vida de Nadia Boulanger. Esta mulher, talvez a mais famosa professora de análise musical do séc. XX, ensinou uma geração de grandes compositores (Phillip Glass, Aaron Copland, Astor Piazzolla…) a partir da sala do seu apartamento, em Paris. Ficou conhecida, como pedagoga, pela sua capacidade de ouvir e pela sua abertura à novidade. Sim, os testemunhos que se vêem são belos, mas o que impressiona é a fogosidade desta mulher nonagenária! A postura desta senhora, já quase cega mas com um ouvido imensamente sensível, tem uma enorme bagagem, mas parece que isso não lhe pesa – mais, que a torna aberta e disponível.

Todos somos habitados de um enorme desejo de nos expressarmos, de comunicarmos o que nos habita interiormente, de saciar as nossas carências e aspirações; esta dimensão expressiva é vital. É por isto que vamos formando opiniões e aderindo ou rejeitando certas formulações e ideias, conforme correspondam ou não com um bom nome para aquilo que experimentamos.

Por outro lado, há também um desejo profundo de alteridade, que configura uma abertura a este mesmo desejo vindo dos outros. Esta receptividade enriquece e alarga o horizonte de compreensão que nos movemos, porque expande as fronteiras do nosso mundo interior; o espanto – tão caro aos filósofos desde Platão – permite-nos apreciar de forma nova dados já conhecidos (cf. Mt 13, 52).

Aquele que me ameaça, que me obriga a alargar a fronteira do meu olhar até à terra que desconheço, pode ser simultaneamente aquele estrangeiro que me traz novos perfumes!

Pensemos num exemplo. O meu desejo de expressão leva-me a procurar qual o partido político que mais vai de encontro àquilo que tenho por ajustado quanto ao trabalho, ao lazer, ao cuidado com os mais desfavorecidos, etc. Há, porém, outras visões com as quais me cruzo, neste processo de identificação, e que questionam esta minha escolha, pedindo-me razões e argumentos que substanciem a minha adesão. O incumprimento de qualquer um dos termos conduz àquelas expressões caricatas e extremamente irritantes a que, infelizmente, nos vamos acostumando como parte de qualquer debate: perguntas com respostas ao lado, discursos redondos e vazios, ataques pessoais como manobras de diversão… Capacidade de espera e abertura à novidade são dois pólos em confronto, cuja tensão permite a boa comunicação humana.

Creio que podemos dar um outro nome ao binómio expressão/recepção: hospitalidade. Se considerarmos os grandes relatos de hospitalidade, há uma conjugação singular entre o acolhimento de um outro, que não cumpre inteiramente os códices e práticas de uma dada cultura ou povo, e a afirmação da identidade pessoal, posta em xeque por este outro que se me depara. No seu livro Sur l’hospitalité, Jacques Derrida repara que, a partir da mesma raíz latina hostis, podemos chegar a dois termos: ao hóspede, hospes, ou ao inimigo, hostis. Quão distantes são os extremos, saídos do mesmo ponto de partida! Derrida apela-nos, como em toda a sua obra, a considerar os dois pólos em simultâneo; como numa dobra, em que se vêm ambas as frentes de um tecido, unidas por um traço concreto que lhe confere uma direcção.

Precisamos de nos exercitar nesta sã alternância entre expressão e recepção, sob pena de perdermos a capacidade de comunicar. A tensão é a condição de possibilidade que nos permite uma sociedade plural sem entrincheiramentos nem relativismos. O desejo de homogeneidade – a dos iguais a mim ou a dos amorfos – configura a nossa mentalidade tribal, um impulso primitivo que garantiu a nossa sobrevivência quando éramos uma espécie vulnerável, à mercê de grandes predadores. O regresso a esta mentalidade tribal é uma recusa da capacidade de diálogo, de conviver e acolher, no campo de batalha que pode ser a vida quotidiana. Aquele que me ameaça, que me obriga a alargar a fronteira do meu olhar até à terra que desconheço, pode ser simultaneamente aquele estrangeiro que me traz novos perfumes!

Voltemos a Nadia Boulanger. A sua passagem longa pelo mundo da música não se cingiu a um ensino monótono, tirânico, unidireccional. Era a primeira a estudar com os seus alunos as novidades que eles lhe traziam, mesmo quando não era do seu gosto pessoal; sabe-se que não dava grande valor à música atonal de Schönberg, mas foi uma estudiosa da sua obra. Era uma discípula dos corais de Bach, mas sabia falar a linguagem da música serial.

A atenção de que fala Boulanger é uma atenção para o outro, uma atenção que tem em si uma intenção de diálogo.

Quando lhe perguntaram o que procura incutir nos seus alunos, a resposta é clara: a atenção. “Antes de encorajar alguém [numa direcção concreta], é necessário saber se essa pessoa traz em si um amor; se ela é capaz de se interessar no que faz, seja o qual for [essa coisa], em si mesma”. A atenção de que fala Boulanger é uma atenção para o outro, uma atenção que tem em si uma intenção de diálogo. O diálogo começa na exposição à peça, aos seus sons, à suas notas, evoluindo depois para uma relação entre o que recebo e o que desejo expressar através dessas mesmas notas, agora interpretadas, filtradas pela minha experiência subjectiva.

Há uma sabedoria nesta postura passiva de esperar até ao fim para decidir. Precisamos de atentar àquilo que fica mascarado, encapotado sob entoações, para poder entabular um diálogo expressivo, hospitaleiro. A precipitação sobre o outro faz-nos cavalgar a nossa opinião sobre a fragilidade da relação; a brusquidão precipita o fechamento, como as ostras escondem as pérolas.

A passividade põe-nos em risco de descobrir o que nos é estranho, o que desconhecemos; pomo-nos em risco de ser levados a uma mudança de opinião, de convicção – ao contrário do que se pode crer, é sinal de sabedoria mudar de opinião quando há razões para isso! Nadia Boulanger descobriu que não estava fadada a ser compositora, apesar do seu esforço inicial. Este é o risco que comporta a hospitalidade, mas, sem este risco, ficamos presos no nosso eu, na monotonia da mesmidade.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.

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