Ponto SJ

Estar em missão nesta ilha é sentir o peso que tem esta história e sentir-me grata por poder fazer um pouco parte dela. É sentir, todos os dias, que estou a colher frutos que não plantei!

Pegar nos meus olhos, na minha sensibilidade, no meu coração, na minha atenção, admirar-me com a beleza do desconhecido ou conhecido e dar uma cotovelada à pessoa que está ao meu lado: “Olha lá, já olhaste para o céu hoje?”

O Monte (da Caparica) já entrou na minha vida e vai ficar para sempre no meu coração! Por tudo isto que recebo, não poderia não dar tudo o que tenho por esta comunidade que me inspira todos os dias pela sua bondade e que me transforma.

Rimos como se nos conhecêssemos há anos, mas também discutimos e nos chamamos à atenção quando é preciso, porque é assim que se vai construindo uma relação de confiança e passando o testemunho do que é partilhar uma missão.

Ao longo destes seis meses de missão, em Angola, fui percebendo que, apesar da realidade social, as mulheres têm vindo a conquistar espaço e oportunidades de participação na vida comunitária.

A Maria diz-se uma sonhadora e que tem muitos sonhos para o futuro, entre eles ter o seu próprio negócio. Nós por cá, na missão da Caparica-Pragal, apenas temos o sonho de nunca perder de vista o seu sorriso aberto e contagiante.

Hoje ao iniciar mais uma manhã de Domingo, no descanso da minha cama e ao som de mais uma Eucaristia questiono-me… “que bem fiz eu para merecer que Deus me esteja a dar a oportunidade de viver o Céu na Terra?”

A missão é uma entrega que se consubstancia em encontros e o mais importante deles é o com Jesus, diariamente. Esta capela é o nosso poço, onde vamos buscar a água viva.

Todos os dias, fico perplexa com a pureza das relações, com a demonstração de afeto, de amor.

Em missão somos convidados a seguir o exemplo de S. Francisco Xavier e, movidos pelo mesmo desejo de sermos “os amigos de Jesus”, O levarmos até além do mar, ou além do rio, onde quer que se oiça e sinta esse desejo ardente de receber Jesus