Ganhar o caneco e perder a dignidade?

Depois da supertaça, chega o campeonato. Agosto é o mês em que por toda a Europa se renovam as esperanças. A bola vai começar a rolar. Mas antes dos pontapés, dos primeiros remates e dos primeiros golos muita coisa já se jogou.

Depois da supertaça, chega o campeonato. Agosto é o mês em que por toda a Europa se renovam as esperanças. A bola vai começar a rolar. Mas antes dos pontapés, dos primeiros remates e dos primeiros golos muita coisa já se jogou.

Vai começar o campeonato. Agosto é o mês em que por toda a Europa se renovam as esperanças dos clubes e dos adeptos. A bola vai começar a rolar. Mas antes dos pontapés, dos primeiros remates e dos primeiros golos muita coisa já se jogou.

A paragem de verão é a melhor época do ano para jogadores e empresários. Para jogadores porque a possibilidade de melhorar contratos, jogar em clubes melhores, acaba por ser a lógica das boas atuações na época anterior, para os empresários porque os clubes renovam ambições, objetivos e querem sempre os melhores.

Neste jogo muitas vezes não abunda o fair play. Jogadores existem que forçam a saída, empresários há que os forçam a sair. Neste jogo a 4 só 2 costumam ganhar imediatamente, o jogador, que vai ganhar mais, muitas vezes até bastante mais e o empresário que com as chorudas comissões pode esperar tranquilamente até ao curto período de transferências de inverno para começar tudo outra vez. Os outros 2 podem ou não ganhar. Se o clube que vende arrecada a verba mas perde um jogador de qualidade e fica mais fraco. O comprador para além do que gasta fica na expectativa de que o investimento renda. Ou seja, só jogador e empresário têm na verdade uma situação de win/win. Os clubes podem ou não vir a ter.

Dentro de campo apesar de tudo as coisas ainda parecem refletir um pouco a essência do desporto.

Pedro Cid

Dentro de campo apesar de tudo as coisas ainda parecem refletir um pouco a essência do desporto. Os jogadores respeitam-se, lutam pela vitória e na maioria das vezes até sabem perder. A essência do desporto é essa, lutar para ganhar respeitando quem perde. Saber perder é o ponto de partida para se ganhar na semana seguinte. Se fosse sempre assim os princípios subjacentes à criação do movimento Olímpico pelo barão Pierre de Coubertain estariam intactos.

Mas não é assim. Portugal é ainda o campeão europeu em título, mas o nosso futebol está inquinado de gente tóxica. Gente para quem o ganhar a qualquer custo parece ser o lema favorito. Gente que faz do jogo sujo dos bastidores o seu plano principal. Indivíduos que diariamente desrespeitam os princípios sagrados do desporto. As boas relações entre clubes, principalmente os 3 grandes já é história. A continuar assim um dia destes será pré – história.

Portugal é ainda o campeão europeu em título, mas o nosso futebol está inquinado de gente tóxica. Gente para quem o ganhar a qualquer custo parece ser o lema favorito.

Pedro Cid

Nunca entenderei a obsessão de uns para tentar destruir os outros. Será que ninguém percebe que isto tem muito mais piada quando todos estão bem? O que seria o Benfica sem o Sporting ou sem o Porto e vice-versa. A rivalidade é salutar quando bem praticada, quando no fim tudo se resume ao “jogo é jogo que ganhe o melhor”.

Nunca entenderei a obsessão de uns para tentar destruir os outros. Será que ninguém percebe que isto tem muito mais piada quando todos estão bem?

Pedro Cid

Em muitos países é assim. Tudo é transparente, tudo é claro, na Alemanha, por exemplo, em Janeiro, o clube X anuncia que o seu treinador na época seguinte vai para o clube Y, são anunciadas as condições do negócio e tudo continua normalmente, sem falatório tóxico e sem suspeições, as pessoas são tratadas assim mesmo, como pessoas, cá seria impensável. Lá viriam os do costume, criticar, censurar por em causa a honestidade das pessoas etc. etc-

Agora que o campeonato está a começar, era bom que fora do relvado tudo fosse diferente, que se deixasse de tentar ganhar com batota, que se encarassem as derrotas como uma coisa que pode acontecer num jogo, que não se tentassem arranjar os culpados do costume. Não saber perder, justificar as derrotas com fatores que não o mérito do adversário é uma derrota ainda maior. Aí não se perdem 3.pontos apenas. Perde-se também a honra e a dignidade.

 

Foto de capa: Nathan Rogers –  Unsplash

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.