Ontem só os pássaros cantavam… sem resposta.
Ontem os passos soavam a medo e não tinham cara.
Ontem não podia sair para te abraçar, ouvir o teu riso.
Ontem ouvi lágrimas e descobri-me na solidão.
Ontem partiste sem um abraço nem a conversa desejada.
Ontem ficaram lágrimas sem colo.
Ontem a tristeza morava em mim.
Ontem soube de muitos que deram a vida para cuidar de quem sofria.
Ontem… e mais e mais… sem haver amanhã.
Hoje quero agradecer a quem cuidou das fragilidades.
Hoje não quero esquecer como foi difícil.
Hoje ouvi rir
Hoje o canto dos pássaros brinca com o barulho das crianças saindo para as escolas.
Hoje voltei a abraçar com emoção.
Hoje sei que cresci com a solidão, mas a tristeza das perdas está comigo.
Hoje quero agradecer a quem cuidou das fragilidades.
Hoje não quero esquecer como foi difícil.
Hoje quero aprender a melhorar no que tenho para dar.
Hoje assinei o Manifesto que nos propõe aprender com a Memória para a nossa Esperança ganhar mais sentido.
Hoje vou lançar um projeto com os meus vizinhos: queremos participar nessa jornada.
Amanhã, a 22 de outubro, estaremos juntos.
Porque a pandemia não me aconteceu a mim e a ti
Aconteceu-nos a todos.
Tocou a todos
É uma memória coletiva
Nela fundamos a esperança da terra a que aspiramos.

A jornada “Memória e Esperança“ ocorrerá no fim-de-semana de 22-23-24 de outubro de 2021 em um ou mais destes dias, podendo extravasar para dias anteriores ou posteriores. Este é o link para quem quiser conhecer a iniciativa.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.