A escola já começou e, neste momento, diríamos que ainda estamos imersos na fase de adaptação escolar. Para muitas crianças, especialmente as mais jovens, dos 0 aos 6 anos, é a primeira vez que entram numa instituição educativa. Este é um marco importante nas suas vidas, uma transição que traz consigo uma série de descobertas e de desafios, pelo que o seu impacto não pode ser subestimado.

Quando as crianças entram numa instituição educativa, levam consigo o que aprenderam em outros contextos e ambientes, incluindo padrões de comportamento estratégicos, competências e uma identidade em formação. De um modo geral, as crianças estão ativamente empenhadas em dar sentido a tudo o que vivenciam e tentam adaptar-se à nova instituição, nomeadamente ao novo currículo, ao novo adulto de referência, ao ambiente físico, às brincadeiras e à aprendizagem, às regras, às rotinas e às novas relações sociais.

Além da exigência que o processo de adaptação coloca às crianças, envolvendo uma reorganização cognitiva e emocional de intensidade variável, trata-se de um período em que pais e cuidadores também são (emocionalmente) postos à prova. Quem nunca sentiu o coração apertado depois de deixar o filho pela primeira vez numa instituição educativa?

Sabendo, na pele, o quão desafiador pode ser para as crianças adaptarem-se a um novo ambiente, bem como para os pais lidarem com a separação e as preocupações que surgem nesse período, pareceu-nos relevante ouvir experiências de outros pais para melhor entendermos os desafios que se colocam ao longo do processo de adaptação das crianças à instituição educativa, bem como as estratégias consideradas como facilitadoras para uma adaptação escolar bem-sucedida. Desta forma, elaborámos um questionário que foi respondido por 46 pais.

Assim, antes das crianças iniciarem a frequência da instituição, os pais sublinham a importância de uma reunião prévia com o educador. Nesse encontro, o educador tem a oportunidade de conhecer mais detalhes sobre a criança e a sua família, os seus hábitos e preferências. Para além disso, neste momento é possível o educador explicar o funcionamento do estabelecimento educativo, as regras e procedimentos que deverão seguir. Essa partilha de informações permite criar uma ligação inicial entre a família e a escola, possibilitando ainda que a criança associe mais facilmente o novo espaço à família.

Falando no momento da chegada da criança à instituição, realçam a necessidade de um acolhimento carinhoso e atencioso, “com muita dedicação e simpatia, para [a criança] sentir o menos possível a diferença da mudança”. Valorizam também a presença do educador no momento de acolhimento das crianças que se encontram em fase de adaptação às novas rotinas educativas, sublinhando a importância do seu papel na transmissão de confiança, tanto para as crianças quanto para os próprios pais.

Em relação à permanência das crianças na instituição, os pais valorizam o aumento progressivo do tempo de permanência dos seus filhos nos novos contextos educativos. Reconhecendo a importância de respeitar o ritmo individual de cada criança, alguns pais referem que o filho começou por ficar 2 horas, depois 4 horas e, por fim, ficou o dia todo na instituição. Alguns pais relataram que a instituição lhes permitiu estar presentes na sala “nos primeiros dois dias, bem como deixarem as crianças na sala [durante a] primeira semana”. Outros referiram que, no primeiro dia, tiveram a oportunidade de vivenciar um dia aberto às famílias, envolvendo pais, avós e outros familiares em atividades e jogos durante toda a manhã. A possibilidade de os pais entrarem e explorarem a sala onde os seus filhos serão integrados, mesmo que por breves momentos, emerge como uma das estratégias de adaptação mais valorizadas.

A adaptação das crianças a um ambiente escolar, principalmente quando transitam de casa, é sempre um momento sensível para estas e para a sua família. Nos testemunhos de pais, a comunicação com a família e o carinho com as crianças foram as estratégias mais mencionadas.

Esperamos que este ano letivo seja repleto de sucessos!

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.