Meio ano de GEMA

Meio ano de GEMA

Começou em dezembro. Reunimo-nos uma vez por mês, durante umas duas horas que passam a correr, e somos convidados a participar em inúmeras atividades. Muitas vezes antes de entrar confesso que me dá alguma preguiça, mas no final até me sinto parva por ter pensado em faltar porque saio com outra motivação, mais uma perspetiva diferente, com uma força de vontade ainda maior e também muito mais animada! Apesar de ainda não termos tido a oportunidade de viver uma reunião de GEMA presencial, e com muita pena minha, aquelas que já passaram foram gratificantes. A transbordar de simplicidade, de curiosidade porque nunca sabemos o que aí vem, de vontade de viver a fé juntos, decifrar um bocadinho daquilo que é ser animador e de partilhar tudo e mais alguma coisa. Tem sido ótimo para fugir da monotonia que invadiu a minha rotina nos últimos meses e rever pessoas com quem já não estou há muito tempo, seja porque vivem longe (sim, porque este ano o GEMA é NACIONAL!) ou porque simplesmente não foi oportuno devido à pandemia.

Embora nunca tenha tido a certeza de que queria animar, prometi a mim mesma que não iria dizer que não sem antes experimentar e, fazendo o GEMA parte desse percurso claramente não podia deixar passar. Também não queria de todo deixar os Gambozinos, portanto tinha mesmo de me inscrever no GEMA. Foi uma ótima decisão! Como já falámos numa das reuniões, tem sido super positivo uma vez que me tem ajudado a desconstruir a ideia fixa que eu tinha sobre o que é ser animador através dos testemunhos e até jogos/BTS/conversas que me fizeram sair da minha zona de conforto. Uma das coisas que os gambozinos sempre me influenciaram foi voltar a focar no essencial, e o GEMA não tem sido exceção! Estou extremamente ansiosa para que seja possível deixar de ver as pessoas em quadradinhos, e aproveitar o bom que é estarmos todos juntos!

Kika Bustorff

Fazer das tripas coração

Fazer das tripas coração

Reza a lenda que, no início dos Descobrimentos, os portuenses decidiram encher os barcos rumo a Ceuta com toda a carne da cidade, deixando apenas na cidade as tripas dos porcos. A partir destas, os habitantes do Porto reinventaram a sua alimentação e transformaram um prato execrável numa das iguarias da cidade – as “tripas à moda do Porto”

Nos dias de hoje, a penitência foi-nos imposta, muito antes de haver Quaresma. O confinamento, o isolamento social, a impossibilidade de ir aos bairros, os gambozinos que apenas vemos através de um ecrã, apenas demonstram que as tripas já as temos, sem que tenhamos decidido por elas. (cf. texto do P. José Frazão no Ponto SJ)

Por isso mesmo, abre-se aqui uma janela de oportunidade para “fazer das tripas coração”, ou seja, para transformar a renúncia num movimento de doação e fazer um verdadeiro sacrifício. Ora, à letra, sacrifício significa “um feito sagrado”, por isso fazer um sacrifício significará algo como “tornar sagrado aquilo que se faz”. Se a quarentena nos impõe o que fazer, cabe-nos a nós torná-lo sagrado!!

Para isso, apercebi-me estar a meio de um caminho de Quaresma, que me pode levar à conversão da renúncia em doação através de 3 movimentos e ajudado por 3 padroeiros. Convido-vos a juntarem-se a mim!

1.º ACOLHER – S. José

A renúncia está já presente, não há como escapar, nem há necessidade de criar muitas outras. Tal como aconteceu a S. José, as nossas vidas e planos foram trocados e desiludidos. Por isso, há que agarrar a vida e acolher a realidade, confiado que “a vontade de Deus, a sua história e o seu projecto passaram também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza.” (Patris corde, Papa Francisco)

2.º AGRADECER – S. Inácio de Loyola

O Peregrino, que sonhava viajar e ficar por Jerusalém, acabou os seus dias limitado a Roma, onde, devido ao seu cargo de Geral, passava a maior parte do tempo sentado à secretária a escrever cartas para toda a Companhia de Jesus. Ainda assim, de duas em duas horas rezava o Exame, começando sempre dando graças, confiado de que esta sua missão era para a maior glória de Deus. Agradecer o que custa, custa, mas é porta de entrada para a Graça de Deus.

3.º DAR – B. Francisco Gárate

“A partir da portaria de um instituto de ensino, este jesuíta (…) tornou presente a bondade de Deus pela força evangélica do seu silencioso e humilde serviço” (Papa João Paulo II). Na verdade, o extraordinário da vida do Irmão Gárate foi a sua capacidade de fazer da doação de si mesmo, o sacrifício contínuo de uma “vida ordinária”. Não é preciso complicar! Há que me pôr ao serviço daqueles que me estão próximos, em casa, ou pegar no telefone e fazer-me próximo!

 

Acolher, agradecer e dar. Restringido ao ordinário de casa, estes são 3 movimentos que podem ajudar a “fazer das tripas coração”, com o custo que isso inevitavelmente traz. Convertendo a renúncia em doação, seguindo o exemplo destes 3 santos caseiros, podemos assemelhar-nos a Jesus, que “tomou o pão (o seu corpo), deu graças e deu-o aos seus discípulos”, encaminhando-nos para a glória da Ressurreição Pascal.

R.A.I.O. 2021

R.A.I.O. 2021

Que RAIO! Estão a faltar-me as palavras para descrever o RAIO 2021!

Foi, de facto, um RAIO diferente, mas nem por isso menos intenso! Não que eu saiba como deve ser um RAIO por que foi o primeiro em que participei, mas tirou-me da minha zona de conforto e fez-me perceber que não estou sozinha neste caminho! Fazer parte dos Gambozinos é comprometer-me todos os dias com esta missão e o RAIO ajudou-me a recentrar e a voltar a ter consciência das razões que me levaram a dizer “SIM”. Não foi fácil começar a animar neste ano tão atípico porque há muitas coisas que tornam o percurso mais complicado. É estranho preparar e fazer tudo online, mas é sempre possível! O RAIO veio trazer-me o ânimo que começava a falhar e a reavivar o espírito gambozínico em mim! Agora, espero conseguir levá-lo para o resto das atividades enquanto espero, ansiosamente, que voltem a ser presenciais! Quero descobrir toda uma parte de ser animadora que não conheço! E, se à distância já é genial, nem consigo imaginar como será presencialmente! Foi um desafio não me distrair e estar focada no RAIO e não nos ecrãs e na confusão normal de uma casa cheia. (Somos uma família de 6, portanto, imaginem o caos) Mas consegui! Vivi o RAIO em família e apesar de longe senti-me muito perto dos outros animadores. Foi tão, mas tão bom!!

O Fim de semana começou com uma belíssima escape room que não consegui acabar, mas, logo na primeira noite, já fiquei muito entusiasmada com o que viria a seguir! De repente, até me apetecia estar no Zoom! Estava com medo de passar muitas horas online, porque tem sido o dia a dia de todos, mas a equipa de animação do RAIO proporcionou vários momentos de reflexão offline que foram ótimos e permitiram aproveitar o bom tempo. As partilhas foram excelentes. Estava apreensiva porque sentia que todos os Gambozinos já se conheciam entre si e depois vim eu aqui cair de paraquedas. E sabem que mais? Foi inacreditável! Partilhei e ouvi testemunhos que me fizeram crescer e repensar alguns assuntos realmente importantes. Tivemos também “speed dates a 4” para conhecer mais e melhor os outros animadores. Quem diria que era possível fazer novas amizades à distância e dar boas gargalhadas, daquelas que se ouvem na casa toda e ninguém percebe o que está a acontecer! Se tudo isto foi possível online, mal posso esperar pelo resto que aí vem!!

Foi um fim de semana que me deixou de coração cheio! Ainda ando a ouvir a música do RAIO em loop! RAIOS partam, quero continuar a dizer “SIM” a esta missão!!

Rita Sarsfield

Viver a Agradecer no Oeste – Réveillon 20/21

Viver a Agradecer no Oeste – Réveillon 20/21

Venho do Viver a Agradecer do Oeste de coração cheio. Seis animadores esti­veram uma semana fora de casa e dos seus amigos para poder estar com os gambozinos de Peniche e podermos tentar fazer a diferença num tempo em que as atividades são poucas devido ao “novo” covid-19.

Foi uma semana que reacendeu em mim o espírito da missão gambozinos, que me deu a certeza de que ser animador GBZ faz parte da minha identidade.

Nesta semana o grande foco foi estar, e estar bem, com as famílias e com os gambozinos. Não se fizeram os jogos mais épicos nem os BDS’s mais ousados, mas soubemos os seis, cada um no seu jeito muito próprio, levar o nascimento de Jesus aos Penicheiro e eles a nós.

Desde uma caminhada incrível até à Papoa, passando por um jogo de tintas na praia, pelo Boa Noite no prédio, pelas conversas com as famílias e até o simples ato de ir para o prédio só estar presente, tudo isto foi vivido a agradecer a Vida de cada um e de todos.

No último dia, todos os animadores disseram que ficariam mais uma semana e com um sorriso no rosto; essa imagem marcou-me porque foi um sorriso de missão cumprida, mas ao mesmo tempo um reconhecimento de que, apesar de ainda existirem muitos sítios onde ainda não chegámos em Peniche, estamos dispostos a fazê-lo com a alegria de um Cristão.

Vasco Costeira

Viver a Agradecer no Sul – Réveillon 20/21

Viver a Agradecer no Sul – Réveillon 20/21

Esta foi para mim uma atividade nova nos gambozinos. Talvez sejam todas (às vezes gosto de dizer aquela frase bonita “todos os campos e atividades são diferentes, é sempre novo”, que até é verdade), mas esta foi para mim mesmo diferente: um grupo de cinco animadores a viver na Caparica durante sete dias, com um objetivo muito simples: estar no bairro do Pragal, com os gambozinos que lá vivem.

Fomos bater às portas, conversar ao vivo com eles e com as suas famílias. Convidámos estes gambozinos para estarem e brincarem connosco. E fomos surpreendidos pelo entusiamos com que nos receberam.

Fiquei fascinada com a simplicidade dos dias, de coisas como encontrar alguns gambozinos na rua com amigos e dizer “Vamos fazer um jogo louco com tintas e armaduras de papel, querem vir?” e receber um “Ya!” de olhos bem abertos e virem todos.

Ou de ir bater a uma porta e acabar por ficar uma hora à conversa com a querida avó Fátima.

Tudo me soube a Gambozinos, àquela alegria que todos conhecemos ou vamos conhecendo, nos campos ou fora deles: um jeito que os dias têm de esticar para que caibam mais horas (ainda que o recolher obrigatório seja às 13h), as conversas boas, o dançar, o jogar à bola ou ao esconde-esconde ao contrário, os momentos para estar com Jesus.

Mas, ao mesmo tempo, estes dias trouxeram consigo uma certa sensação de novidade; ou antes, a sensação de ver em cada miúdo, em cada animador, em cada jogo ou conversa, algo de novo. Talvez a alegria de ver mesmo cada um como amigo (para além de ser um gambozino de quem sou animadora). Um amigo com quem quero estar, porque sim. Gostei especialmente de poder dizer “até amanhã” sem ser num campo, saber que ia lá estar outra vez e deixar conversas por acabar.

A verdade é que esta semana foi para mim uma lufada de ar fresco, no meio de tempos já desgastados de distância. Que bom foi poder estar. Com os gambozinos no bairro, com as nossas amigas Leigas (para o Desenvolvimento) no réveillon, com os animadores à lareira, com Jesus onde Ele se quis fazer presente. Nesta passagem para o novo ano, descobri que apesar de todas as dificuldades e imprevistos que este tempo traz, há sempre coisas novas para agradecer.

Cheguei ao fim destes dias mesmo agradecida e descansada. Por tudo o que vivemos.

Pela novidade. Pela rotina. Pela  simples beleza do estar.

Descansa-me ver que o Núcleo Sul está bem vivo e tem animadores com vontade de crescer e fazer crescer esta missão. Descansa-me sobretudo não estar descansada com o que fizemos, porque sete dias é pouco, e porque há muito mais a fazer (e a agradecer) no bairro, no núcleo, nas nossas casas, no nosso coração.

Descansa-me e motiva-me perceber que a Missão é a mesma, mas vai sempre tomando novas formas, pedindo-nos para ser criativos.

Queridos amigos, não deixem que me esqueça disto: a missão (re)começa agora, e é o Senhor quem faz novas todas as coisas.

Gracinha Viana Baptista

 

“VER DEUS EM TODAS AS COISAS”- Linhas de Fundo 20/21

“VER DEUS EM TODAS AS COISAS”- Linhas de Fundo 20/21

As linhas de fundo não só servem de base para tudo aquilo o que fazemos nos Gambozinos durante o ano como também nos ajudam a relembrar o que é ser Gambozino no nosso dia-a-dia. Este ano é ano muito especial. A 21 de maio de 2021 completam-se 500 anos desde o dia em que Inácio de Loyola foi ferido na perna por uma bala de canhão na batalha de Pamplona. Este ferimento desencadeou o processo de conversão do fundador dos jesuítas. Por isso, neste ano inaciano vamo-nos deixar guiar por uma frase que Santo Inácio tantas vezes dizia: “Ver Deus em todas as coisas!”

Ver Deus em todas as coisas é saber viver com uma atenção redobrada. É procurar os sinais que Ele nos vai deixando ao longo do dia, no trabalho, nas pessoas, na natureza … e caminhar para onde estamos a ser chamados.

Martim Clara