A Playlist do P. Luís Onofre para celebrar a santidade

As lágrimas e a felicidade numa playlist tão pouco óbvia como cheia de sensibilidade, capaz de acordar em nós o desejo de santidade. Uma cuidada oferta do P. Luís Onofre, sj coordenador da Pastoral do Colégio S. João de Brito.

As lágrimas e a felicidade numa playlist tão pouco óbvia como cheia de sensibilidade, capaz de acordar em nós o desejo de santidade. Uma cuidada oferta do P. Luís Onofre, sj coordenador da Pastoral do Colégio S. João de Brito.

A liturgia separa, mas os portugueses insistem em misturar a festa de todos os Santos com a comemoração dos Fiéis Defuntos. Deixem-me misturar também, se faz favor.

 1 – La llorona – Natalia Lafoucarde

Quando penso no tema destes dias, vem-me logo à cabeça o Filme “Coco.” Nele aparece a música popular mexicana La Llorona. Esta interpretação de Natalia Lafourcade é de uma sensibilidade enorme. E a letra comove-nos ao falar da forma como as flores do cemitério parecem chorar ao serem agitadas pelo vento. Guardamos saudades dos nossos defuntos. Todos temos, nos nossos antepassados, santos sem altar, santos da casa.

2 – Death don’t have no mercy – Delaney Davidson e Marlon Williams

A morte faz parte das nossas vidas e como diz este clássico do Dark Blues “a morte não tem misericórdia nesta terra.” Felizmente Deus tem. Esta versão é de dois músicos da Nova Zelândia:  Marlon Williams, de quem gosto muito, e o menos conhecido Delaney Davidson.

3 – É preciso que eu diminua – Samuel Úria

O título da música é uma frase de S. João Baptista, mas depois a letra fala-nos do homem que para chegar a santo ainda precisa de uma verdadeira conversão. Encontramos aqui conteúdo para um tratado sobre o autocentramento. Uma música que é uma pequena genialidade de Samuel Úria. É grande, e esperamos que o narrador tenha conseguido diminuir.

4 – Für Hildegard von Bingen – Devendra Bahart

Hildegard von Bingen é uma santa, mística e compositora do século XIII. Devendra Banhart imagina-a na atualidade: fascinada com o estilo MTV, deixa o mosteiro, para viver da música. Só uma piada fácil ao estilo “do convento para o cabaré”? Ou Devendra gostava que o legado cultural de Hildegard fosse mais conhecido? [Escreveu esta música depois da oficialização da canonização, por Bento XVI].

5 – Happy man – Jungle

Os santos são pessoas felizes, alegres. A letra desta animada música, que já ouvimos de certeza em séries, rádio ou televisão, lembra-nos como é difícil escaparmos à cultura dominante, em que a felicidade parece estar em sonhos superficiais, em coisas que se podem comprar. Os santos conseguem perceber que a felicidade não está aí e dizem “No, I won’t let it tame or twist me!”

6 – Manifest – Andrew Bird 

A música de Andrew Bird e a animação do vídeo falam-nos da forma como os seres vivos do passado nos continuam a servir, através da energia fóssil que produzem. Podemos usá-la bem ou mal. Também os santos no céu continuam dispostos a servir-nos, a serem fonte de energia [graça] para as nossas vidas. Podemos pedir-lhes ajuda.

7 – Hold on – Alabama Shakes

Possivelmente a música mais conhecida dos Alabama Shakes, diz-nos que nas nossas lutas podemos contar com o Céu. Quando temos vontade de desistir, também nós podemos confiar como a Brittany: “There must be someone up above sayin’ Come on, Brittany, You got to come on up, You got to hold on.” Os santos “torcem” por nós.

8 – Wake up – Arcade Fire

Nenhuma metáfora “pseudoprofunda” sobre a letra. Uma música de que gosto muito e que queria incluir. Se eu for para o Céu, e puder escolher uma música para a chegada, acho que pode ser esta. Imaginem lá os anjos e os santos no céu a cantar isto e desfrutem. Bom dia de todos os santos!

 

Extra – Bola para a frente – Asterisco cardinal caveira bomba

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Fotografia de Ravi Roshan – Unsplash

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.