O vimeiro

Os vimeiros são árvores com ramos bicudos e cabeleireira ruiva.

Os vimeiros são árvores com ramos bicudos e cabeleireira ruiva. Da família das salicáceas, são parentes do salgueiro. Crescem junto a cursos de água ou em terrenos húmidos.

Em janeiro de dois mil e vinte, avistámo-los na berma da estrada entre o Vale Travesso e Seiça. Não fogem à vista; são extravagantes. A sua cor contrasta com os cinzentos do inverno. O vimeiro oferece à paisagem inesperados traços laranja. Parámos o carro em Seiça, depois do solar dos Alvim. Levámos tesouras e luvas. Os ramos do vimeiro são flexíveis e vergam-se ao mínimo toque. Escolhemos aqueles em que a cor âmbar estava mais viva.

Se não for podado, o vimeiro cresce sem direção e dispara os seus bicudos ramos laranja para todos os lados: torna-se ouriço despenteado, árvore rebelde ou em ruínas. Pelo caminho, vimos alguns assim. Assemelham-se a rapazes adolescentes que decidiram fugir de casa ou, se preferes, a velhos esquecidos na berma dos caminhos.

Os ramos que se vergam são entrelaçados por mãos experientes, e formam belos cestos, onde se coloca a fruta e o pão.

No âmbar do vimeiro, promete-se a festa e o banquete.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.