Como nasce uma palavra*
Francisco deu palavra como as árvores dão fruto. E por isto, quando falava, todos entendiam. Porque Francisco pregava com a palavra nascida das suas mãos, nascidas ao lado das mãos dos outros.
Francisco deu palavra como as árvores dão fruto. E por isto, quando falava, todos entendiam. Porque Francisco pregava com a palavra nascida das suas mãos, nascidas ao lado das mãos dos outros.
Desver: ver de outro modo, outro ângulo; ou repetir a visão feita, de tal modo que ela se torne diferente (repetir, repetir, até ficar diferente); ou desaprender o visto para aprendê-lo de novo; ou negar o ato de ver pautado pela distância.
Quase sempre os rituais se desenvolvem em torno dos solstícios, ou dos equinócios; celebram as novas colheitas, os novos frutos, as novas cores, despedindo-se das antigas. São exercícios de entrar nas estações.
O pão tem algo a ver com o tempo: mordê-lo torna sempre as tardes lentas. É o melhor alimento para a fome (talvez o único que lhe responde diretamente).
Os relatos colocam sempre à prova os limites em que muitas vezes enclausuramos a natureza humana, mas o relato de Tuiavii põe em crise todas as fronteiras, em especial aquelas que imaginamos entre o mundo e as palavras.
Os vimeiros são árvores com ramos bicudos e cabeleireira ruiva.
A amendoeira segue duas leis: a lei da natureza e a lei do mansinho.
Era um milagre que um homem assolado por dores veementes de parte a parte tivesse forças suficientes para tolerá-las. Mas a estas suas aflições não dava o nome de penas, mas de irmãs.
Muito me comoveu um pormenor da coroação, em Blanchernes, de João Cantacuzeno e de Irene, filha de Andrónico Assan.
Pisar leve é tocar sem destruir: dizer sem corromper o silêncio, o caroço da palavra. Caminhar sobre a terra, unindo com o passo o sismo e a calmaria. Pisar sobre o incerto, o instável: uma forma última de respeito.