Ao longo das últimas décadas, temos testemunhado mudanças significativas no trabalho, impulsionadas, nomeadamente, pela introdução das novas tecnologias (como a inteligência artificial, a robótica e a automação), pela flexibilização das relações laborais e a emergência de novas formas de trabalho (como o trabalho remoto e as plataformas digitais), pela globalização e pelo trabalho multicultural, pela valorização da criatividade e da inovação, assim como pelo ênfase no bem estar dos colaboradores e nas práticas sustentáveis e éticas das organizações.
Estas mudanças, com impacto na natureza das atividades laborais e nas relações entre empregadores e trabalhadores, têm exigido dos profissionais um esforço constante no sentido de se adaptarem e desenvolverem um conjunto de competências que lhes permitam não só acompanhar o ritmo acelerado destas transformações como, também, conciliar a vida pessoal com a profissional, alcançando, desta forma, o tão desejado o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, num ambiente de trabalho que se pretende saudável.
Neste contexto, o que permitirá acompanhar as exigências que advêm dos desafios contemporâneos, garantindo uma empregabilidade sustentável e preparando os indivíduos para um futuro do trabalho em constante evolução?
O caminho pode passar pela implementação de um conjunto de medidas combinadas numa estratégia abrangente, nomeadamente: i) investimento na educação e na formação de qualidade, promovendo o desenvolvimento de competências transversais cada vez mais valorizadas num mundo em constante evolução, como o pensamento crítico, a resolução de problemas, a criatividade, competências digitais, entre outras; ii) estimular o espírito empreendedor e a inovação, abrindo espaço para soluções criativas; iii) promover a cooperação na identificação de necessidades comuns, compartilhar recursos e conhecimentos e criar soluções conjuntas; iv) promover a adaptação e a flexibilidade, estimulando a aprendizagem ao longo da vida e promovendo a mobilidade profissional; v) promover a consciência ambiental e social; vi) sensibilizar para a importância do acesso equitativo à tecnologia e às ferramentas digitais, para evitar a exclusão num mundo cada vez mais digitalizado.
Constituindo o trabalho um domínio tão relevante da existência humana, e não existindo uma única entidade ou profissional que possa, sozinho, encontrar soluções efetivas para a resolução dos atuais desafios que se lhe colocam (dada a sua complexidade), é possível encontrar no psicólogo do trabalho e das organizações um conjunto de conhecimentos e competências que lhe permitem intervir e contribuir de forma determinante para a transformação positiva do ambiente de trabalho, impulsionando o potencial humano e contribuindo para a construção de um ambiente organizacional saudável e produtivo.
Constituindo o trabalho um domínio tão relevante da existência humana, e não existindo uma única entidade ou profissional que possa, sozinho, encontrar soluções efetivas para a resolução dos atuais desafios que se lhe colocam (dada a sua complexidade), é possível encontrar no psicólogo do trabalho e das organizações um conjunto de conhecimentos e competências que lhe permitem intervir e contribuir de forma determinante para a transformação positiva do ambiente de trabalho, impulsionando o potencial humano e contribuindo para a construção de um ambiente organizacional saudável e produtivo.
O psicólogo do trabalho e das organizações é um profissional especializado em compreender e intervir nos processos psicológicos presentes no ambiente de trabalho, aplicando conhecimentos científicos da Psicologia, produzidos e acumulados durante mais de um século de investigação, de forma a maximizar a produtividade e a satisfação no trabalho, assim como zelar pelo bem-estar dos recursos humanos e respetivo capital humano.
Este capital humano, ou seja, a capacidade, a experiência e o conhecimento dos recursos humanos, constitui um recurso intangível único que está na base do crescimento (e sucesso) das organizações. O psicólogo do trabalho e das organizações, através do processo de avaliação e intervenção psicológica, apresenta-se como um profissional altamente qualificado para cuidar deste capital humano, atuando como um recurso diferenciador: i) na avaliação psicológica dos colaboradores e no diagnóstico psicossocial das organizações; ii) na seleção, organização, avaliação, orientação e desenvolvimento dos recursos humanos; iii) na avaliação, prevenção e intervenção nos riscos psicossociais; iv) na promoção da saúde ocupacional, incentivando práticas de gestão que valorizem a saúde psicológica, o bem-estar e a conciliação entre vida profissional e pessoal; v) na promoção da motivação e satisfação laboral e vi) na identificação das competências e habilidades necessárias para os profissionais enfrentarem as atuais exigências do mercado de trabalho.
Os estudos científicos demonstram a eficácia e o custo-benefício da psicologia do trabalho e das organizações, sendo que o contributo dos psicólogos, neste contexto, constitui-se como determinante para o desenvolvimento das realidades económicas, sociais e individuais das organizações.
É, assim, inquestionável, a importância do papel do psicólogo do trabalho e das organizações. Por um lado, pelo seu papel fundamental no apoio aos processos de mudança e na resposta efetiva às crises (momentos críticos) com impacto nas dinâmicas de funcionamento das organizações. Nestes momentos, o apoio deste psicólogo pode não apenas minimizar os danos, mas, também, criar oportunidades de aprendizagem e crescimento.
Por outro lado, a sua colaboração promove o desenvolvimento de um ambiente laboral mais humano, inclusivo e sustentável, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos do mundo do trabalho.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.