Do mesmo modo que um novo conhecimento técnico deu origem à sociedade industrial, também a tecnologia de informação trouxe consigo uma nova consciência da ideia de espaço público e social. E com ela surge o conceito de sociedade global.
A rede mundial de comunicação está no centro destas transformações, não só porque auxiliou o advento das perspectivas da globalização, mas também porque reformulou o nosso modo de viver e de pensar.
Nunca estivemos tão fisicamente ligados à electrónica!
Podemos expandir o nosso imaginário criativo; a expectativa média de vida aumentou; as práticas exaustivas do trabalho foram substituídas pela robótica e pela electrónica. No entanto, enquanto estes e outros avanços criaram enormes oportunidades, também motivaram desafios e custos sociais consideráveis.
E será possível manter a escola intacta perante estes desafios de renovação social?
Assistimos ao longo dos últimos anos a mudanças nos processos de ensino e nas práticas educativas. Mas se mudança radical houve, foi seguramente a mudança no universo do conhecimento (electrónica, informática e telecomunicações) e a sedução dos jovens por eles.
Seria uma perda irreparável para a sociedade que os movimentos de inovação que estão a acontecer se fizessem sem a escola. Ensinar e aprender é uma atividade social. A tecnologia é conduzida por pessoas e precisa das pessoas para ser pensada, usada e produzida.
Seria uma perda irreparável para a sociedade que os movimentos de inovação que estão a acontecer se fizessem sem a escola. Ensinar e aprender é uma atividade social. A tecnologia é conduzida por pessoas e precisa das pessoas para ser pensada, usada e produzida.
Por tudo isso, é necessário cada vez mais pensar em estratégias de participação ativa que respondam a novas formas de cidadania. E que a utilização criativa das novas tecnologias faça parte dessas ideias.
A cidadania criativa é uma alternativa possível, porque utiliza estratégias solidárias de inovação. Estimula, humaniza e inspira a vida.
Traduz-se numa participação, individual ou colectiva, em atividades de carácter cultural ou social, que servem a comunidade. Ela pode animar e movimentar a comunidade e preencher o vazio de vidas, muitas vezes, sem objectivos. A partir de ideias simples, a tecnologia digital pode contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
A escola constitui um importante contexto para a aprendizagem e o exercício da cidadania. Através de projectos organizados, pode formar pessoas responsáveis e conscientes do uso destas novas ferramentas. Requer, no entanto, uma abordagem transversal em projectos interdisciplinares orientados para práticas pedagógicas de renovação, que permitem a interação de diferentes culturas de pensamento.
A criatividade pode ser o ponto de encontro da sociedade global consigo própria. Encoraja o trabalho de grupo e a inovação, cria emprego e contribui para a resolução de conflitos que tanto caracterizam os novos tempos de mudança.
Cabe ainda à escola desenvolver projetos de vivência de valores que promovam a auto-estima e estimulem a relação intergeracional. Uma ação que envolva a escola e a comunidade, através de vídeos, filmes, etc., visando desenvolver habilidades criativas dos jovens e a experiência dos mais velhos, muitas vezes subestimada – pode surgir como uma alternativa de equilíbrio que reinventa diálogos e recria emoções.
Iniciativas que envolvam o diálogo intercultural e as causas relacionadas com a ecologia integral permitem conhecer realidades. Podem também utilizar a esfera digital para organizar estratégias de intervenção. Que, por sua vez, ampliam saberes e competências e contribuem para a formação de cidadãos mais atentos e solidários com os problemas do mundo.
Enfrentar estes e outros desafios que criem espaços públicos de participação acessíveis a todos deverá ser o reflexo de uma escola comprometida com a inovação e o futuro da Humanidade. Assegurando, assim, um real contributo para o desenvolvimento de todos, bem como do ambiente que nos rodeia.
Nestes tempos de transformação da sociedade, a inovação e a experimentação são fundamentais para abrir mentalidades. No entanto, exigem disponibilidade cultural para querer aprender.
A criatividade pode ser o ponto de encontro da sociedade global consigo própria. Encoraja o trabalho de grupo e a inovação, cria emprego e contribui para a resolução de conflitos que tanto caracterizam os novos tempos de mudança.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.