Chegado o fim do dia, dirijo-me à capela. Todos os dias, pelas 19h, temos as três voluntárias que estamos em missão, cá em casa, encontro marcado com Jesus. Neste tempo de missão (já lá vão seis meses), tenho tido esta graça enorme de ter uma capela em casa, sempre disponível e aberta para lá entrar. Não é um quarto qualquer, mas o quarto do Senhor, onde Ele habita dentro de uma pequena e humilde caixa esculpida.

A presença do Senhor em nossa casa tem sido marcante para a vivência entre as três. Termos a possibilidade de rezar juntas, todos os dias, é um pilar forte nesta relação, que nos aproxima e permite estarmos em comunhão. Para todas, a vida comunitária torna-se mais leve, quando entregue ao Senhor e nada melhor que poder fazê-lo a cada dia que passa!

Definitivamente, esta capela também dá sentido aos meus dias aqui, pois ali recentro, alinho-me nos princípios da missão, renovo o meu olhar, sou quotidianamente chamada a segui-Lo, recarrego baterias, faço companhia a Jesus e Ele a mim, falamos um com o outro, entrego-Lhe os meus dias e Ele nas minhas mãos coloca a minha missão. É um lugar de proximidade, acolhimento e amor que em muito me tem ajudado a crescer nesta relação.

A missão é uma entrega que se consubstancia em encontros e o mais importante deles é o com Jesus, diariamente. Esta capela é o nosso poço, onde vamos buscar a água viva. O trabalho de todos os dias de nada me serve se não for feito com amor. Se não tiver esta água dentro de mim, como posso passá-la para os outros? É, pois, um sítio obrigatório a visitar, se não, todo o trabalho que fizer não passará de uma mera obrigação realizada mecanicamente. Apenas com esta água viva, me poderei entregar sem medo a cada uma das pessoas que vivem no Bairro da Boa Morte, onde temos a nossa missão.

Escrevo sentada na capela, para agradecer-Lhe mais um dia que passou, mais uma oportunidade que tive para me entregar e servir o outro, mas também para me despedir e descansar. Depois deste encontro, agora sim terminou o meu dia, pois já Lhe entreguei o hoje, encontrando n’Ele repouso.

Mafalda Neves e Castro
São Tomé e Príncipe, 2022-2023