Acreditar que só Deus é tudo!

Licínia Conceição é uma jovem de 21 anos, nascida em São Tomé numa família humilde. Sendo a primeira de 4 filhos, desde cedo teve de assumir responsabilidades em casa, quando, aos 7 anos, começou a cuidar do mais novo: “os meus pais iam trabalhar e eu cuidava do meu irmão”. Aos 11 anos passou a … Saber mais

Licínia Conceição é uma jovem de 21 anos, nascida em São Tomé numa família humilde. Sendo a primeira de 4 filhos, desde cedo teve de assumir responsabilidades em casa, quando, aos 7 anos, começou a cuidar do mais novo: “os meus pais iam trabalhar e eu cuidava do meu irmão”. Aos 11 anos passou a integrar do grupo de acólitos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, e assim assumiu o que seria o primeiro de muitos compromissos como cristã: “acordava, fazia o que tinha a fazer em casa e ia para o meu compromisso”. Foi crescendo nela um espírito de responsabilidade, organização e sentido de compromisso e hoje, além dos estudos, trabalha, é catequista e faz parte do Grupo Comunitário da Boa Morte.

Movida pelo sonho de ser jornalista, decidiu estudar Ciências da Comunicação. Encontra-se a terminar a sua licenciatura, na variante de relações públicas (não por ser a sua primeira opção, mas porque não houve possibilidade de entrar para a variante de jornalismo). No entanto, isso não a impediu de se aplicar e envolver o melhor que sabia nesta nova área. Durante um estágio curricular, descobriu a profissão de secretária e assessora, funções que muito a cativaram.

Licínia tem um quotidiano preenchido. “Estudo de noite na Universidade de S. Tomé e Príncipe, estou a fazer um estágio na reitoria e colaboro na Rádio Jubilar (rádio católica de São Tomé)”. Ao fim de semana, “sou catequista na Capela da Penha, participo nas reuniões do Grupo Comunitário da Boa Morte, faço os meus afazeres em casa e aproveito para fazer as minhas coisas”.

Conheceu os Leigos para o Desenvolvimento porque uma das voluntárias dava apoio na catequese da paróquia em que Licínia é catequista. “Fui convidada a participar numa reunião [do Grupo Comunitário]. Participei, gostei bastante e continuei a participar. A discussão de temas, a troca de ideias, as pessoas tentarem conversar para chegar à resolução de problemas – isso para mim é bom. Chamou-me à atenção; as pessoas ouvem-me, ouvem-se. Mais tarde, propuseram que fizesse parte da coordenação. Tinha medo de não conseguir corresponder à responsabilidade, mas lá fui.”

Acredita que o Grupo Comunitário é muito importante para a comunidade porque “se ninguém fizer, então nunca vai ser feito. Se uma pessoa [sozinha] pensar em fazer, não vai ser grande coisa. Então, se todos juntos dermos ideias, leve-leve a gente chega lá! É esse o nosso lema”.

Sempre viveu em São Tomé, mas em 2023 teve a oportunidade de ir a Portugal, à Jornada Mundial da Juventude, enquanto repórter da Rádio Jubilar. Esta experiência “fortaleceu mais a minha fé em Deus, acreditar que só Deus é tudo”, porque, na ansiedade de estar sempre em cima do acontecimento, muitas vezes se antecipava ao grupo e perdia-se dele. “Numa das vezes, estávamos no metro e o padre responsável disse para esperarmos para irmos todos juntos. Mas eu queria ser a primeira, para apanhar tudo, e entrei. Fui sozinha. Tentei ficar mais calma, falei com um senhor e lá voltei a encontrar o grupo. Sempre que isto acontecia, chorava, rezava. Aqui em São Tomé dizem: ver para crer e eu vi.”

Jovem cheia de fé, vive marcada pelo seu batismo aos 8 anos, dia em que sentiu o Espírito Santo a descer sobre ela. Mais tarde, “todos os anos, tinha um retiro e voltava renovada. Havia algo de diferente, vinha mais leve, boa e humilde. Sentia-me tão bem, que perguntava se estava a sentir um chamamento. Rezava e perguntava a Deus; eu rezava na boa e começava a chorar”.

Nesta fase da vida, ambiciona fazer um mestrado, casar e construir família. Que o lema de São Tomé também se aplique aos sonhos da Licínia: “leve, leve, a gente chega lá!”