A Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ) vai criar o Serviço de Escuta para acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais cometidos nas instituições da Companhia de Jesus em Portugal, seja por jesuítas, colaboradores, funcionários ou voluntários, independentemente da data dos factos. Com este serviço pretende-se atender às necessidades de cada uma das possíveis vítimas, minimizar o seu sofrimento e procurar reparar, de algum modo, o mal que sofreram, na certeza de que não há nada que apague a dor causada por um abuso sexual.
Este serviço pretende acolher denúncias de abusos sexuais que não foram relatados anteriormente à PPCJ ou que, tendo sido, não tenham recebido o tratamento adequado. Todos os casos relatados ao Serviço de Escuta serão analisados e tratados, desencadeando os processos que se afigurem necessários e adequados, seja no foro civil ou canónico.
O Serviço de Escuta parte do desejo da Igreja Católica de colocar as vítimas no centro da sua atuação em matéria de abusos sexuais e de curar as suas feridas, na medida em que isso seja possível. Reconhecendo que pode haver pessoas em sofrimento na sequência de experiências tão duras e devastadoras, a Companhia de Jesus em Portugal compromete-se a criar todas as condições de confiança e segurança para que as vítimas possam revelar a sua história. O Serviço de Escuta estará em funcionamento a partir do dia 18 de novembro, Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a exploração e o abuso sexual.
O Serviço de Escuta estará em funcionamento a partir do dia 18 de novembro, Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a exploração e o abuso sexual.
O contacto do Serviço de Escuta pode ser feito diretamente por email ([email protected]) ou por carta (morada: Estrada da Torre 26, 1750-296 Lisboa), telefone (de segunda a sexta-feira, entre as 9h30 e as 18h, através do número 217543085), ou presencialmente junto da coordenação do Sistema de Proteção e Cuidado, que dispõe de uma equipa a quem caberá receber e escutar a vítima. Esta equipa é composta por pessoas com formação específica que ajudarão a identificar as necessidades de cada possível vítima e a encontrar as respostas mais adequadas, seja ao nível psicológico, espiritual, ou outro. Através destas pessoas, as vítimas serão acompanhadas ao longo dos processos que possam vir a ser desencadeados pela denúncia, como por exemplo, um processo canónico ou civil.
O Serviço de Escuta integra o Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis (SPC) que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus começou a implementar em 2018 em todas as instituições e organizações ligadas aos jesuítas em Portugal, como colégios, paróquias, associações de jovens ou instituições sociais. Este sistema é dedicado à promoção de ambientes seguros e relações saudáveis dentro destas organizações, apostando, por isso, na sensibilização e formação dos seus colaboradores e na prevenção de situações de maus tratos e abusos. Apesar de o SPC já possuir atualmente condições para que qualquer abuso ou mau trato seja sinalizado, tratado e encaminhado para as entidades a quem compete investigar e julgar, a Companhia entendeu dar mais este passo para acolher casos que possam ter acontecido no passado.
A criação do Serviço de Escuta conta ainda com o apoio de um grupo consultivo composto por pessoas internas e externas à Companhia, com competências em áreas distintas de intervenção, que ajudarão a Província Portuguesa da Companhia de Jesus a concebê-lo e implementá-lo de acordo com as melhores práticas e o objetivo da sua missão. Integram este grupo Ângelo Fernandes (apoio à vítima), Joana Garcia da Fonseca (psicóloga), P. Luís Marinho (padre diocesano), Marta Sá Rebelo (jurista), P. Pedro Cameira (jesuíta), Pedro Gil (consultor de comunicação) e Teresa Ravara (jurista).
Mais informação:
Declaração do Padre Provincial sobre a abertura do Serviço de Escuta
Entrevista à Coordenadora do Serviço de Escuta
Caixa de Perguntas sobre o funcionamento do Serviço de Escuta
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.