Aberto processo de beatificação do P. Pedro Arrupe

Hoje, 5 de fevereiro, no dia em que se completam 28 anos da sua morte, foi oficialmente aberto o processo que poderá conduzir à beatificação e canonização do P. Pedro Arrupe, numa cerimónia que juntou várias dezenas de pessoas.

Roma – Hoje, 5 de fevereiro, no dia em que se completam 28 anos da sua morte, foi oficialmente aberto o processo que poderá conduzir à beatificação e canonização do P. Pedro Arrupe. Tratou-se de uma cerimónia solene e sóbria, que juntou várias dezenas de pessoas no Palácio do Vicariato em Roma, muitos jesuítas – de todas as idades, do P. Geral aos estudantes de filosofia – mas também membros de outras congregações, leigos e autoridades civis (vários embaixadores, entre os quais o do Japão, mas também de Portugal). Depois de invocado o Espírito Santo com um cântico, foi lida e assinada a acta da primeira sessão do processo canónico que tem como objecto a vida, as virtudes e a fama de santidade do P. Pedro Arrupe, um processo presidido pelo cardeal Angelo De Donatis, vigário do Papa para a diocese de Roma. Apresentado o pedido, por parte do P. Pascual Cebollada, representante (postulador) da Companhia de Jesus, a comissão, que funciona como um verdadeiro tribunal, vai agora dar início à recolha de “provas”, e em particular dos testemunhos dos que forem chamados a depor.

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Caredeal Angelo De Donatis e o Geral dos jesuítas P. Arturo Sosa

Concluídas as formalidades canónicas, o cardeal De Donatis fez uma breve alocução em que deu graças a Deus pela abertura formal deste processo, manifestando a sua esperança de que o mesmo conduzirá ao reconhecimento das virtudes heróicas do P. Arrupe, para que seja proposto como modelo de santidade e vida cristã para toda a Igreja. Depois de recordar as grandes linhas do itinerário do P. Arrupe, desde o seu nascimento em Bilbau até ao Japão e depois Roma, como Superior Geral dos Jesuítas. Entre os diversos “lugares de santidade” que oferece a vida do P. Arrupe, o cardeal insistiu em particular na coerência e força da sua vida de fé e oração, enraizada no seu profundo amor à Trindade, manifestado ao longo de toda a vida, na saúde e na doença. Enquanto Geral da Companhia, o P. Arrupe promoveu a redescoberta e aprofundamento das fontes inacianas; como homem de Igreja, viveu com grande fidelidade tempos conturbados, tornando-se, nas palavras do seu sucessor, o P. Peter-Hans Kolvenbach, um “profeta da renovação conciliar”; como missionário e sacerdote foi verdadeiramente um “homem para os outros, como ele amava definir o jesuíta, acolhendo, acompanhando e transmitindo confiança a quantos o procuravam.

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P. Pascual Cebollada, sj - Postulador da causa do P. Pedro Arrupe

O testemunho do P. Arrupe, as suas palavras (através de livros, discursos, cartas…) e a sua vida iluminam de modo ainda hoje desafiador a relação entre a promoção da fé, o desafio de evangelização a que todos os cristãos são chamados, e a promoção da justiça, promoção do ser humano e da sua dignidade. Fé e justiça caminham juntas, como duas dimensões inseparáveis da missão. Missão que deve ser vivida com um coração e um olhar universais, atentos aos desafios globais, e uma ação determinada e concreta ao nível local. Legado duradouro e particularmente expressivo da espiritualidade e inspiração do P. Arrupe, recordou o cardeal De Donatis, é o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) que continua ainda hoje um serviço profético em tantas partes do mundo.

Depois do longo aplauso com que as palavras do cardeal foram saudadas, não restou mais aos presentes que confiar a Deus o trabalho do tribunal que agora se inicia, cantando com devoção “ad maiorem Dei gloriam”…

 

Releia aqui a entrevista do postulador da causa, P. Pascual Cebollada, ao Ponto SJ, em novembro.