Um caminho a percorrer

Não sei que marca lhes deixarei, o que ensinarei, o que mudarei nas suas vidas, mas espero que sintam que me dediquei, me entreguei e que o fiz de coração, como um dia também por mim fizeram.

Caminho pelo Monte da Caparica e ouço ao fundo bem alto: “ó Manel, Manel, Manel”.

Nome pelo qual fiquei conhecido na formação dos Leigos para o Desenvolvimento e que a comunidade do Monte da Caparica, em especial os jovens, já se apropriaram. Nome pelo qual sinto um carinho especial, que não é muito diferente do Manuel.

Mas também me chamam de Professor, de Sr. Padre, Catequista, Senhor, o que me deixa lisonjeado, mas faço questão que seja só Manel, porque é o nome com o qual mais  me identifico, onde encontro o tanto que somos iguais, que temos medos, que temos sonhos, que temos esperança, que temos futuro, que precisamos de amor, de carinho, de atenção, alguém que confie em nós, de alguém que acredite em nós, que nos aceite como somos, que não nos julgue e que nos momentos mais difíceis nos dê uma palavra de esperança.

Revejo-me todos os dias, sempre que estou na companhia destes jovens. Lembro-me todos os dias do que fui, de tudo que precisei, do caminho que tive de percorrer e especialmente se serei capaz de devolver aquilo que me foi emprestado, porque outrora também me foi dado um Manel.

Ter-me sido confiado o projeto da mobilização e formação juvenil foi uma bênção. Acompanhado de enormes desafios, que por vezes me deixam paralisado, com medo de falhar, de não estar à altura do desafio, especialmente de não conseguir retribuir o tanto que me têm dado ao longo destes 6 meses de missão. Não sei que marca lhes deixarei, o que ensinarei, o que mudarei nas suas vidas, mas espero que sintam que me dediquei, me entreguei e que o fiz de coração, como um dia também por mim fizeram.

Sou grato a Deus por os ter colocado na minha vida, a minha vida sem eles estaria certamente mais pobre e mais triste.

 

Manuel Guimarães
Caparica-Pragal, 2022-2023