Uma das especificidades de fazer missão nos Leigos para o Desenvolvimento, é que esta é sempre partilhada com uma comunidade de voluntários como nós. Nunca somos enviados sozinhos, partimos em comunidade.
Como está escrito na VEM[1], a comunidade permite “prover sempre uma estrutura de apoio (…); ajudar a que a missão seja melhor servida pela entreajuda e a complementaridade; e dar testemunho (…) da possibilidade de cooperar e construir união, superando as diferenças. A Comunidade pode ser, (…) o espaço das maiores consolações, mas é também onde mais facilmente surgem as maiores dificuldades.”
Durante a formação, vamos ouvindo várias histórias sobre as dificuldades que surgem, quando tem de se viver em comunidade, partilhar os mesmos espaços, o dia-a-dia. O quanto uma coisa pequenina, de repente passa a uma bola de neve e leva a discussões e algumas zangas. Mas, também, que é na vivência comunitária, onde mais aprendemos e mais crescemos. Fui retendo todas estas histórias e guardei-as a todas, e ainda bem, porque precisei de lembrar-me da maior parte delas no dia-a-dia.
Investir e dar prioridade à construção de uma comunidade com pessoas com quem não escolhi viver, e que são muito diferentes de mim, foi um dos maiores desafios que já tive na minha vida. Ter de partilhar medos, alegrias, tristezas e conquistas com estas pessoas foi deveras difícil, mas aos poucos, vais deixando cair os muros e, apesar, de todas as diferenças acabas por confiar nestas pessoas.
Todas as adaptações que tive a uma nova comunidade, a novas vivências e a um novo quotidiano, estou a vivê-las outra vez com a renovação para mais um ano de missão, e a chegada de duas novas pessoas à missão da Caparica-Pragal, que me acolhe mais um ano. Tendo de me abrir à disponibilidade de contribuir para a construção de uma nova comunidade.
Viver em comunidade exige muito de nós, mas tenho a certeza que é onde aprendi e cresci mais. E, vai ser o que daqui a muitos anos vou recordar com mais saudade, todos os bons momentos e aprendizagens que retive dos maus momentos. Para mim viver em comunidade, é ganhar irmãs, com todas as discussões normais de irmãos, mas com o apoio incondicional que este laço possui.
Ser comunidade, é no final de cada dia, de cada momento mais difícil, de cada partilha mais íntima, de cada desabafo e de cada gargalhada, poder dizer, ESTAMOS JUNTOS!
Ana Teresa Oliveira
Caparica-Pragal, 2018-2020
[1] VEM = Vida Em Missão, regra de vida, pela qual os voluntários dos LD em missão se guiam no quotidiano.