Ainda me faltam conhecer algumas ruelas, mais umas esquinas e uns quantos atalhos, mas de uma coisa tenho certeza: o amor é sempre o caminho! E tão feliz que sou por fazer este caminho, sem pressas e a encher a mochila de tanto que não se vê.
E é ao domingo de manhã que o meu coração ainda mais se enche deste amor. São doze os pequenos “artistas” a quem dou catequese, juntamente com a minha parceira Cesária. Eram, também, doze as meninas com quem trabalhava antes de vir para esta missão. O Espírito Santo não fecha os olhos nem para uma pequena sesta!
A noite que antecedeu o primeiro dia de catequese foi a que pior dormi em missão. Pela responsabilidade que tinha pela frente, por ter estado afastada tanto tempo e pelo sussurro do mau espírito a tentar fazer das suas. Mas recordo-me que ao sair de casa lembrei-me muito de Pedro a sair do barco e a pisar a água com a fé absoluta de que Jesus não o deixaria afogar-se. E assim fui, a confiar e a deixar que Jesus me falasse ao coração, para também poder falar ao coração dos meus doze.
Sim, já os considero um bocadinho meus. E que alegria é quando os encontro na rua, quando vêm disparados para um simples abraço, quando fazem mil e uma perguntas curiosas e até quando tento tirar-lhes as pilhas antes de irmos para a missa ou quando têm os decibéis alterados.
Agradeço todos os dias por estas doze dádivas, por estar a encaminhar para Jesus estes “artistas” de mil e tantos talentos ainda escondidos e de afetos desalinhados. Agradeço pela chave que tenho em mãos para abrir gavetas às vezes fechadas a sete chaves.
Agradeço por este sentimento tão puro, que peço que cresça a cada domingo. Agradeço por também eu estar a fazer este caminho junto com eles. Na verdade, é como se também eu estivesse para fazer a primeira comunhão. Agradeço pelo foco no que de verdade importa e por todas as pequenas (grandes) coisas que a cada domingo me vão ensinando. Porque é certo que aprendo muito mais do que “ensino”.
Cada vez mais certa de que “quando semeamos as coisas com amor, não pode senão dar fruto”. Não sei bem quando será a época da apanha, mas comigo trago sempre o regador para que não falte alimento.
Rosa Teixeira
Caparica-Pragal, 2019-2020