Os Franciscos

Poderia escrever sobre tanta gente, mas, hoje, quero falar-vos dum grupo específico de pessoas que me ensinam todos os dias e dos quais tenho o maior orgulho de ter conhecido e de hoje poder chamar de amigos.

Há pouco mais de um ano, quando comecei a missão nesta (agora) minha margem vinha com a certeza que iria dar-me aos outros, que iria doar o meu tempo, as minhas capacidades, os meus talentos. O que não sabia era, que, além disso, seria eu a receber, a aprender tanto, a beber do conhecimento das pessoas com quem tenho vindo-me a cruzar neste tempo que estou em missão.

Poderia escrever sobre tanta gente, mas, hoje, quero falar-vos dum grupo específico de pessoas que me ensinam todos os dias e dos quais tenho o maior orgulho de ter conhecido e de hoje poder chamar de amigos. O grupo de jovens da paróquia, os Franciscos, os quais, eu carinhosamente chamo de meus chicos. Na missão, além dos projetos, também, temos uma responsabilidade pastoral, a mim calhou-me na rifa os Franciscos, um grande desafio, para o qual não me sentia nada preparada, mas que decidi abraçar, mesmo com muito receio, com todas as minhas forças.

E agora, enquanto escrevo, tenho a certeza que vou levá-los nas minhas recordações, quando acabar a missão. Costumo dizer que são eles que me dão cabelos brancos e dores de cabeça, mas depois em momentos como o que tivemos na animação da Missa do Galo, deixam-me orgulhosa, do tanto que eles conseguem, quando se aplicam e dedicam a algo.

São eles que me mostram como falar crioulo, como dançar (mesmo quando eu não tenho ritmo nenhum), e mais importante, são eles que me ensinam a ser alegre na esperança, paciente na tribulação e perseverante na oração. É impressionante ver pessoas da minha idade, ou mais novas, com uma fé inabalável, que na maior parte das vezes, estão longe dos seus, longe do seu país e do local onde foram criados. Tudo isto ajuda a suportar a distância dos meus, o estar longe da minha terrinha e, ainda, ajuda no crescimento da minha fé e a aproximar-me mais de Deus e a cuidar da nossa relação. Ensinou-me, acima de tudo, a ser agradecida por tudo o que tenho e possuo.

Levarei todos os ensinamentos retidos, do convívio, das reuniões e ensaios. Todas as risadas, todos os abraços, todas as músicas, todas as palavras novas aprendidas, mas acima de tudo, o respeito e a amizade de tantas pessoas diferentes.

Estas palavras são um grande agradecimento a todos eles. E a toda a aprendizagem que vou levar para a minha vida. Com eles aprendi o verdadeiro significado de ser sal da terra e luz do mundo.

Ana Teresa Oliveira
Caparica Pragal, 2018-2020