Mosaiko e Leigos para o Desenvolvimento, juntos na promoção do Desenvolvimento e na construção da Cidadania

O Mosaiko| Instituto é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1997, pelos missionários dominicanos tendo por missão a promoção e a defesa dos Direitos Humanos.

Sou frei Júlio Gonçalves Candeeiro, OP, director geral do Mosaiko (www.mosaiko.op.org). O Mosaiko| Instituto é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1997, pelos missionários dominicanos tendo por missão a promoção e a defesa dos Direitos Humanos.

A história de “amor” entre o Mosaiko| Instituto para a Cidadania e a organização Leigos para o desenvolvimento tem uma madrinha chamada Daniela Vieitas. Tudo começou num Bar, enquanto esperávamos pelo início de um encontro entre a Delegação da União Europeia em Angola e as organizações da sociedade civil. O tempo do almoço permitiu que que cada um de nós falasse da sua organização.

Importa dizer que desde Benguela, no meu tempo de seminarista do Seminário do Bom Pastor, já ouvia falar dos Leigos para o desenvolvimento, vi alguns deles a distância, mas nunca tive a oportunidade de dialogar e trocar ideias com um/a leigo/a. Foi nesse dia, mais de 20 anos depois, que descobri quem são verdadeiramente os LD: leigos que vivendo a espiritualidade inaciana estão comprometido/as com o desenvolvimento de todos e das comunidades. Trocamos ideias, contactos e vimos possibilidades de trabalhos em parceria.

Naquele ano 2015, os Leigos queriam reforçar a acção das mulheres no Bairro da Graça no que toca ao empoderamento económico e à participação cidadã. Depois de uma visita da Daniela à Associação Mulher Raíz da Vida, no Cazenga, em Luanda, surgiu o intercâmbio entre os dois grupos de mamãs, nomeadamente na actividade fabrico do sabão, na questão do registo civil de nascimento… etc.

Na sequência desta, surgiram várias outras acções conjuntas entre os LD e o Mosaiko. Entre elas vale apenas destacar as várias formações de Direitos Humanos promovidas pelo Grupo Comunitário da Graça sob a animação dos LD e a facilitação do Mosaiko. Já perdi a conta do número de seminários de DH realizados, e todos eles, têm sido experiências bastante enriquecedoras.

Não me quero arrogar o título de conhecedor da identidade e da missão dos LD. Mesmo assim, do pouco que eu hoje sei, penso que os grupos comunitários são a peça de génio. Admiro a sua noção de poder em ciclo, a sua democracia representativa e participativa, a obrigação de contribuir com o que é seu para o bem de todos. Os grupos comunitários são um verdadeiro espaço de ensaio do sonho de um mundo gerido numa lógica de economia solidária. Todos contribuem para o bem de todos. Lembra-me mesmo a ideia do um por todos e todos por um. Para mim, os grupos comunitários são a melhor forma de organização de base comunitária que conheço. Alegro-me ver alguns grupos locais de Direitos Humanos interessados em adoptar a lógica e o espírito do grupo comunitário.

Um outro elemento inspirador no trabalho com os LD, é aprender deles e com eles a ideia de Missão e o papel da comunidade. Depois de ter visitado em Maio deste ano, a sede dos Leigos em Lisboa, deu para entender o lugar fundamental da comunidade de missão e da missão em comunidade. Percebi os leigos como fazendo verdadeiramente parte da missão dos Jesuítas no mundo lusófono, aliás, a localização da sua sede na casa provincial dos Jesuítas; o convívio entre todas as obras Jesuítas dá um testemunho grande da forma diversa de vivermos carismas tão ricos como o de Santo Inácio ou São Domingos.

Hoje entendo melhor a missão e o papel dos LD, aprendi a admirar o trabalho extraordinário que eles fazem e por eles rendo acção de graças a Deus que inspirou o Pe. António Vaz Pinto para um projecto que tivesse por missão dar aos jovens a possibilidade de ocupação útil do tempo, sobretudo depois da sua formação universitária. Na linha do que diz o Pe. António Vaz, os leigos têm procurado estar próximos das pessoas, próximos da realidade. É neste âmbito da proximidade as pessoas e as suas situações que situo a inserção dos leigos na igreja diocesana onde eles se encontram. É impressionante, ouvir testemunhos dos efeitos do trabalho dos Leigos na Sociedade de Benguela. É enorme o número de professores e outros quadros em Benguela formados por professores dos Leigos para o Desenvolvimento; ou mesmo a quantidade de pessoas tratadas no centro médico da Graça, o número de crianças apoiadas pelas iniciativas do grupo comunitário, o empoderamento das pessoas com deficiência…. Enfim, os LD são uma marca na sociedade benguelense.

Enquanto, frade e a trabalhar numa organização fundada e gerida pelos Dominicanos, aprendi com os LD a repensar o sentido de Missão no trabalho e defesa e promoção dos Direitos Humanos. Os leigos têm também uma fonte de inspiração na articulação da missão entre os vários ramos de uma mesma família religiosa. No caso, trata-se da articulação LD e Província Jesuíta de Portugal, o que me levou a abordar os dominicanos em Portugal sobre a possibilidade de adoptar um modelo semelhante para a Ordem de São Domingos em Portugal, Angola, Moçambique e Timor. Outro elemento que eu valorizo é a dimensão comunitária da vida e da missão. Impressiona-me sempre o ambiente da casa dos Leigos, pelo menos da que eu conheço, a de Benguela: verdadeira comunidade sobre os cuidados da Mana Jú.

Em nome de toda a equipa do Mosaiko agradeço a Daniela Vieitas por ter provocado o encontro entre as nossas duas instituições, agradeço a equipa e a direcção dos LD pelos imensos ganhos da colaboração existente entre as nossas duas organizações. Os meus votos de que a nova casa de missão na Ganda dê tantos frutos quanto deram as outras casas de missão.
Unidos em São Domingos e Santo Inácio, estamos na promoção o desenvolvimento integral e integrado de pessoas e comunidades.

Fr Júlio Candeeiro, OP