Uma das sensações que mais gosto no mundo é a sensação que experimento ao mergulhar no mar. Aquele tempo em que estou debaixo de água e onde não consigo ouvir nenhum barulho. Quando mergulho não há ruído exterior e até o ruído interior que possa haver em mim se cala para me dar a oportunidade de viver aquele momento. A serenidade que vem ao meu coração quando estou a mergulhar é tudo aquilo que tenho procurado nestes últimos tempos deste ano que terminou. O mergulho dá-me oportunidade de viver o silêncio que o mar oferece, ajuda-me a perceber a imensidão da natureza e a minha pequenez em sua comparação e dá-me a leveza necessária para vir à tona.
Estar em missão é um tempo onde mergulhar é necessário. O coração vive tanta coisa diariamente que às vezes só um mergulho no mar nos ajuda a encontrar o equilíbrio.
Nos últimos tempos muito tenho ouvido sobre o verbo “nascer”. Fui convidada a “nascer” com Jesus no Natal. A deixar que Ele viesse “nascer” em mim e a “nascer” na minha comunidade, com a qual partilho esta missão bonita que me foi confiada. Este ano fui também convidada a ”nascer” de novo neste meu segundo ano de missão.
O nascimento é um processo que apesar da sua exigência, inclui uma beleza sem dimensão. Quando senti que neste novo ano de missão me pediam para “ver novas todas as coisas em Cristo”, senti que me era pedido para “nascer” de novo. Para me colocar à disposição para “nascer” de outra forma, ainda que tanta coisa seja semelhante.
2023 convida-me a vir à tona. Os últimos tempos de 2022 proporcionaram-me um mergulho muito bonito. Um mergulho que me deu serenidade e paz.
2023 chegou e agora é hora de vir à tona. É hora de deixar-me guiar por Aquele que me ajuda a mergulhar, mas principalmente é hora de me entregar e de me confiar em plenitude a Quem me pode fazer “nascer” de novo.
Mariana Loureiro
Ganda – Angola, 2021-2023