Há uns tempos, li escrito pelo Cardeal Tolentino Mendonça: “A verdadeira oração cristã é aquela onde a vida está completamente comprometida. Ela atravessa, por isso, o corpo. Ela é respiração, o grito, a interrogação, a súplica, o gesto sem palavras, a estação dilemática, o atraso, o imprevisto, as mãos cheias, as mãos vazias. Não é uma fórmula que se repete de forma desencarnada”.

Há dois meses que estou em missão e com este povo já aprendi que há várias formas de rezar e estar na presença de Deus.

Em São Tomé, estar na casa de Jesus é motivo de festa! Conseguimos perceber que a missa é, realmente, uma celebração. A religião está relacionada a coisas profundas e sérias, mas, será que não pode caminhar juntamente com a alegria? Exultam a alegria por estar na presença de Deus, na roupa que usam para ir à missa, no cuidado que têm na preparação de tudo, na forma como cantam, nos ritmos, nas palmas, nas danças (sim, porque também se dança na missa). Aqui mostra-se esta alegria rezando com o corpo todo, com pequenos gestos que se vão perpetuando e que expressam aquilo que está a ser dito. Não estão apenas a debitar frases decoradas que saem mecanicamente, sentem cada palavra rezada. Estão lá por inteiro, sem distrações. Não há pressas. A missa demora o tempo que tem de demorar e ninguém sai antes dos avisos. Afinal de contas quem é que sai de uma festa antes de acabar, sem primeiro se despedir?

Nesta ilha, há uma alegria constante, mesmo nos momentos mais duros.

Quero aprender a rezar e a viver assim. Ensina-me, Senhor, a viver a alegria na missa e que eu a veja como uma verdadeira festa. Como Jesus diz, “Quero que sintas a mesma alegria que Eu sinto. Quero que a vossa alegria seja perfeita” (Jo 15, 11).

Há tantos motivos para ser e estar alegre, para viver alegre. Dá-me essa graça, Senhor!

Inês Milagres
São Tomé e Príncipe, 2022-2023