“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”

O Projeto Epongoloko Lyukãy nasce de novo a cada dia, em cada mulher que por lá passa! E assim é obra que fica e se transforma continuamente no Bairro Nossa Senhora da Graça e no coração de todos os que se deixam tocar.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”

Assim escrevia Fernando Pessoa, e eu acredito nos poetas. Completados quase 11 meses de missão em Angola, dou por mim a falar e a pensar neste país, nestas pessoas, nesta cultura, no tanto que há a fazer e na beleza que aqui existe ao mesmo tempo. É um país de contrastes mas parece ser aí, nessa diversidade, que reside tanto encanto.

O caminho percorrido até aqui nem sempre foi fácil, nem sempre foi óbvio, mas o que devia ser, aquilo que Deus quis, quis-me aqui, eu sonhei muito aqui estar, e a vida acontece. Que é como quem diz, a obra nasce. Sentir a vida como caminho e obra é a melhor aprendizagem que posso levar não só deste tempo, mas desde que conheci os Leigos para o Desenvolvimento (LD) em 2016.

Agora, poucos dias depois de entregar o projeto que me foi confiado à comunidade, importa fazer memória deste sonho que se tornou obra feita com a ajuda dos LD e com a força de tantas mulheres que já passaram por este projeto. Foi uma graça muito grande poder participar neste projeto de mulheres e para mulheres, o Projeto Epongoloko Lyukãy (1). Foi com imensa alegria que no passado mês de julho demos por concluído mais um ciclo de formação e vimos mais 8 mulheres a integrar o projeto. Foi uma felicidade muito grande partilhada por todos os membros do grupo. Assim esperamos continuar…

Porque como se faz as mamãs já sabem, agora resta fazer! Tal como no começo, “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce” e o Epongoloko Lyukãy nasce de novo a cada dia, em cada mulher que por lá passa! E assim é obra que fica e se transforma continuamente no Bairro Nossa Senhora da Graça e no coração de todos os que se deixam tocar.

E nós, voluntários LD, fazemos malas, arrumamos a casa e partimos para a Ganda, onde os LD assentam arraiais e por lá pretendem ficar nos próximos anos. Dizemos adeus à Casa Esperança, que foi a nossa casa no último ano, e casa dos LD em Benguela ao longo de 23 anos. A Graça, a Casa Esperança, Benguela e Angola estarão para sempre nos nossos corações e na nossa história. Já são parte da nossa vida… Tal como a missão é vida.

“Nda pandula”(2)!

Liliana Ferreira
Benguela, 2018-2019

 

(1) Projeto Mudança da Mulher
(2) Obrigada no dialecto local Umbundo