Deus ama, quem dá com alegria

É essa alegria e generosidade que encontro nestas mulheres, que procuram nestes encontros aprender umas com as outras e dar o que cada uma tem de melhor.

Como é bom escrever este testemunho ao completar mais de seis meses de missão. Hoje celebro com alegria e gratidão o caminho já percorrido, feito com Deus e com cada pessoa com quem tenho o privilégio de partilhar este ano.

Enquanto missionários somos convidados a “sair a semear”, sem saber onde cairá a semente, confiando que dará bom fruto. Este é um tempo em que vivemos em saída, do que nos é familiar e confortável, das nossas rotinas, aprendemos a sair de nós mesmos, a crescer em amor e humildade, tentando ser terreno fértil para acolher Jesus e cada pessoa.

Estes últimos meses foram inevitavelmente marcados pela pandemia e pelo confinamento obrigatório. Por vezes, tenho ouvido “parece que a vida parou” ou “é como se não tivéssemos vivido este ano”, compreendo o cansaço e o desânimo, mas acredito que nestes tempos mais difíceis, o Senhor desafia-nos a encontrá-Lo nas adversidades e interpela-nos a estar ainda mais “em saída”. A vida continua a correr veloz, basta contemplarmos como os sinais da Primavera começam a aparecer e por todo o lado há flores a brotar, pássaros a chilrear, sementes a crescer.

Aqui tenho tido a graça de mesmo em confinamento ver algumas sementes a germinar, mesmo que devagar. A missão tem sido vivida de forma diferente da que inicialmente poderia pensar, com menos proximidade física, mas não de coração. Não contava passar tantas horas em reuniões ou encontros por Zoom, mas tem sido o modo possível para cultivar as relações e as amizades. Que grande graça têm sido os Encontros do Grupo de Mulheres, mesmo que por Zoom. Que grandes mulheres! Que fonte de inspiração são umas para as outras e também para mim. Mulheres de coragem, de garra e de verdadeira resiliência e determinação. Os encontros são ricos em ânimo e em partilha de histórias e de ideias.

“Deus ama, quem dá com alegria” e é essa alegria e generosidade que encontro nestas mulheres, que procuram nestes encontros aprender umas com as outras e dar o que cada uma tem de melhor. Estas mulheres falam das dificuldades da vida, mas acima de tudo das conquistas, das batalhas vencidas, da sua alegria em ser mulheres geradoras de vida, terra boa e muito fértil, onde a semente “dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”. O amor que têm à vida, aos seus e a Deus só pode fazer crescer e fortificar.

Vivo com o coração cheio por tanto bem recebido e grata pela oportunidade de também eu poder dar com alegria o que de graça recebo.

 

Sara Teixeira
Caparica-Pragal, 2020-2021
S. Tomé e Príncipe, 2015-2016