“Naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Aconteceu que, logo que Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe no ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.” Lc 1, 39-41
Deus entrou na sua vida. Maria é transformada pela visita de Deus. A consequência do impacto do amor de Deus não a deixa mais parada. Maria acolhe o dom de Deus, e isso mexe com a sua vida, sugere-lhe que vá além.
Maria é visitada e não guarda tudo o que recebeu, viu e ouviu para si. Maria oferece gratuitamente na visitação a outros aquilo que lhe é oferecido.
Em São Tomé, sou visitada e chamada a visitar. O dia a dia de missão vai me mostrando que o meu coração precisa de descansar. Preciso de ir mais vezes ao encontro d’Aquele que o pode sossegar. Encontro esse sossego e descanso no Visitar.
Os meus dias são vividos no Bairro da Boa Morte, caminho entre ruas de terra batida e casas de madeira. No entretanto dos trabalhos, reuniões e encontros, há sempre tempo para uma, ou outra visita.
Visitar em São Tomé é contactar com a autenticidade, simplicidade e generosidade das pessoas e famílias a quem visito.
As portas das casas estão sempre abertas. Há sempre alguém que nos recebe e se deixa visitar.
As pessoas que visito deixam-se acompanhar. Deixam-se acompanhar naquilo que fazem, no lugar onde estão, e como são, com aquilo de mais frágil e talentoso.
Deixar-se acompanhar e saber ser visitado, é a virtude que tenho encontrado neste Bairro, onde fui chamada a trazer a luz, a esperança e a alegria de quem conhece Jesus.
Aqui, tenho experimentado que visitar é abrir o ouvido do meu coração ao outro.
Visitar é aproximar-me, é estar, é silenciar, é servir com os olhos acesos de Jesus, para que Ele se possa revelar ao outro.
Visitar é aprender com quem visito a acolher, a receber, a partilhar a vida, a cultura, a tradição, o trabalho, as alegrias e as dores.
Visitar é ser autêntica, mais simples e transparente.
Visitar é acompanhar e ser acompanhada.
Em missão, tomo consciência da urgência de visitar.
As pessoas têm sede de visitar e ser visitadas, eu tenho essa sede. Deixar que as visitas dos outros gastem o meu tempo. Deixar-me acompanhar pelos outros. Deixar-me conhecer mais profundamente, abrindo as portas do meu coração e da minha casa, com mais verdade e simplicidade.
Deixar que tudo aquilo que me é dado ver, ouvir, viver seja oferecido na visitação a outros.
E deixar-me transformar pelas visitas de Deus é aquilo a que me tenho sentido chamada neste tempo de missão.
Francisca Aguiar
São Tomé e Príncipe – Cidade, 2021-2022