Quando soube que ia partir em missão e nos momentos importantes que se seguiram (missa de envio, dia da partida, chegada a São Tomé e Príncipe) sentia uma alegria tão grande, nunca antes sentida e vivida que pensava: “tanta alegria só pode vir de Deus!”. Lembro-me de desejar que este sentimento perdurasse durante todo o ano de missão. Vivia uma alegria da novidade, de me sentir eternamente grata dos planos de Deus serem tão bons para mim. Esta alegria da descoberta perdurou durante algum tempo, mas a verdade é que há seis meses que descubro, testemunho e vivo diferentes formas de alegrias.
Alguns sinónimos de alegria podem ser ânimo, felicidade, pensamento positivo, sorriso, e o contrário, desânimo, pessimismo, ver mal em tudo, mas nunca pode ser tristeza, isto porque pode haver alegria na tristeza, na dor, uma alegria de esperança e capacidade de ver o melhor das coisas, das situações, das pessoas.
Já dizia o Padre Vasco Pinto de Magalhães que a alegria é um dever e não um direito: “temos o dever de a procurar numa vida com sentido e serviço, certamente no meio de muitas dores e conflitos”.
Em missão tenho descoberto vários tipos de alegrias: alegria na construção e inauguração da casa de surf, uma alegria de um sonho realizado, fruto de muito trabalho, é a alegria do concretizar!
Alegria no que realmente gostam de fazer (e o fazem muito bem!) ao tocar e dançar Bulaué, alegria no transmitir a cultura de uma forma genuína! Não é só um grupo de músicos e dançarinos, mas sim, alegres amigos, que após um dia de trabalho no campo ou na pesca, transmitem a alegria da realização interior. E isso faz toda a diferença!
Alegria no realizar um programa de rádio, que pode ser confundida com alegria de protagonismo, mas na verdade é uma alegria de encontro com aqueles que estão mais distantes, uma alegria que aproxima.
Ou ainda uma alegria de ensinar e aprender que se vive no Programa de Apoio Escolar, na Escola Básica de Porto Alegre, uma alegria que faz barulho, mas que não é só euforia, a alegria de rir, de escrever, de escutar.
E em tempo Pascal, a alegria da fé, de testemunhar a alegria da Ressurreição, de uma vida nova.
Será uma utopia tantas alegrias?
A resposta é NÃO! São alegrias de quem vive em missão!
Então são só alegrias?
Não!! Mas o truque está em responder aos desafios do dia-a-dia com alegria!
Pia Ornelas
São Tomé e Príncipe, 2017-2018