Mas afinal o que é a Cultura?
Há tantas respostas diferentes, aposto que cada pessoa que ler este texto terá uma definição sua.
“Cultura é a alma das pessoas, das comunidades.”
“Cultura são as tradições e as artes.”
“Cultura é dança, a música, a comida, as artes, o futebol, tudo é cultura.”
“Cultura é o centro de tudo e está sempre em mudança.”
“Cultura são as pessoas.”
“Cultura é a identificação de uma comunidade ou até mesmo de um país, são as tradições, os costumes, os hábitos do dia a dia, as artes, a forma como comunicamos e expressamos os valores morais e as crenças, a forma como rimos e choramos, como falamos, como sonhamos!”
Estas são algumas frases que fui ouvindo de pessoas diferentes e muitas vezes em situações distintas. É engraçado ver como nos últimos meses o tema de conversa aqui na Roça, nas quitandas (1) tem sido este, “O que é a Cultura? … Qual é a importância da Cultura? … O que se considera ou não ser Cultura?”.
Tem havido algumas discussões, porque é difícil perceber que às vezes as coisas com que nós não concordamos também fazem parte da nossa história e da nossa cultura. Muitos defendem que só consideram cultura aquilo que nos traz crescimento ou que significam coisas boas, outras compreendem que não, que a cultura tem como base os costumes do dia a dia e por sua vez tudo o que geograficamente a terra dá, assim como tudo o que o ser humano absorve e expressa.
Tem sido enriquecedor ver a importância e o que significam estas conversas. Para mim é sinal de desenvolvimento, é sinal de que estas comunidades pensam nelas próprias, fazem uma avaliação e pensam no que é a sua história e refletem no que querem que seja.
Tenho dedicado algum do meu tempo com o Grupo “Cultura mé sulu”(2), grupo responsável por dinamizar o Centro Cultural Comunitário de Porto Alegre, a ajudar a comunidade a dar mais valor aos seus costumes, a perceber os seus hábitos e a reconhecer as suas tradições, a sua arte, a sua gastronomia, os vários estilos de música e de dança, como o Bulaué, Danço Congo, Puíta, Sangazuza.
Neste momento estamos a ajudar a comunidade a criar uma rede organizada, que explore e apresente de uma forma dinâmica e divertida, mas ao mesmo tempo madura, os costumes do dia a dia dos santomenses aos turistas. Desta forma, o turista poderá ter uma experiência de relação com a comunidade, partilhando as suas rotinas, as suas tradições, conhecendo as comunidades de uma forma mais integrada, mais íntima!
Paulo Gonçalves
S. Tomé e Príncipe, 2018-2019
(1) Pequenos quiosques na rua que vendem diversos produtos, e onde se pode beber um sumo ou uma cerveja.
(2) Grupo Cultura Mãe do Sul