Viver, Pressa, Crescer.

Como viver sem pressa?… Viver para crescer…ou crescer para viver?

Algumas perguntas que nos vão ocupando o pensamento e, à medida que ficamos mais velhos, com maior frequência surgem, porque não deixamos de viver e muito menos de crescer.

No mês de abril iniciei a minha carreira profissional e não estava à espera de um impacto tão grande. E o grande desafio – de iniciarmos funções onde tudo é novo – deixa-nos desamparados, porque sentimos que não estamos a ter controlo sobre nenhuma tarefa ou assunto e, por mais que queiramos à força uma independência em relação aos nossos superiores, somos limitados em conhecimento e experiências. Achava eu que poderia executar ao ritmo do crescimento da vinha, da batata, da amêndoa ou da azeitona – a seu ritmo e a depender do clima.

Quando sentimos que não estamos a ter controlo sobre as nossas funções, surgem frustrações e precisamos de nos vigiar para identificarmos sinais. Até que nos lembramos da frase mágica: “não nascemos ensinados”. E quando tomamos consciência desta máxima, tomamos também consciência de que ninguém espera que saibamos tudo logo à partida e, muito menos, que consigamos executá-las sozinhos e de forma perfeita. Ao que parece, neste processo estamos a crescer. E tudo isto é vida!

Finalmente, a primeira questão torna-se premissa: é urgente vivermos sem pressa. A pressa é consciente, mas não racional. A consciência de que temos muito para fazer é importante, mas torna-se irracional quando julgamos que temos de fazer tudo no momento. Pára, respira, vai por passos! Torna-te consciente das tarefas que tens para fazer – e também da forma como vais aprender a executá-las – e vai calmamente realizando cada uma. Isto é planear.

Nestes 24 anos de vida, aprendi que que devemos priorizar o brio e a qualidade, não a quantidade. E o brio exige imediatamente que vivamos sem pressa.

Num campo de Gambozinos como animadora, tive de preparar um peddy paper pela cidade de Tomar com outras duas animadoras. Preparámos o jogo à distância da cidade e ainda a alguns meses do campo. Eu era quem conhecia melhor a cidade e acreditava que a atividade estava bem preparada. Poucas horas antes do jogo começar, fui colocar as pistas nos diferentes locais da cidade, juntamente com a equipa de preparação e o meu irmão. Nesse momento entrei em pânico, pois apercebi-me de que o jogo não estava bem pensado e que teria merecido mais dedicação, brio e planeamento… e ainda recebi um sermão do meu irmão! Acabámos por conseguir adaptar o jogo sem que os Gambozinos se apercebessem. Aprendi que, se não temos a certeza de que a tarefa está controlada, então é preciso dedicar mais tempo e planear bem… sem pressa! Serviu-me para a vida e cresci muito! Ainda hoje utilizo este exemplo como premissa para muitos trabalhos e tarefas que tenho de planear.

Afinal vivemos para crescer! Pela mesma e simples razão de que “só falha quem tenta”, só cresce quem vive, pois primeiro estamos cá para viver e, com as experiências, crescemos.

Maria Mina