COM QUANTOS PODS SE FAZ UM CAST? UM SÓ! UM PODZINOS!

COM QUANTOS PODS SE FAZ UM CAST? UM SÓ! UM PODZINOS!

Ouvia-se: Reinventa-te, reinventa-te! O sucesso paira sobre quem se soube dar à vulnerabilidade de repensar os seus limites! Não te sentes. Não podes! Ser animador é dar alma, não é recear que a tua alma se afogue na confusão. Porque essa não vem de ti, vem de Jesus! Se Jesus é a tua fonte e dela não mais terás sede, faz brotar a fonte! Vai! Anima! Este é o tempo favorável! Ouviu-se.

 

E, sem se saberem capazes, eles lutaram, seguiram e queimaram-se.

 

Nos bairros, nos seus quartos atrás do computador, no embaraçar das coisas da faculdade… e também num pequeno estúdio musical, acolhedor e seco, no Porto. Numa altura em que o conceito de roda apenas remetia para o bolo rei e o relógio das doze badaladas, alguém nos trazia o que de melhor se aproxima ao que podia ser uma conversa de roda, nos Gambozinos. E como em todas as conversas, a essência está no ouvir o outro. Pois, de entre muitas perguntas, foi claro que foram os nossos convidados a trazer-nos o que de tão seu era, fosse a honestidade, fosse a timidez. Sim, que isto de voltar a ver caras conhecidas novamente tão perto, com microfones que tapam 70% do nosso campo de visão e ter de dar aso a uma conversa que os nossos pais e amigos poderiam ouvir não é pera doce. Ainda mais, em jeito de improviso, sem se saber o rumo das palavras. Foi bela, apesar do desconforto, essa entrega cega e pausada dos nossos convidados perante esta nova missão de rasgar as distâncias e chegar às casas de todos, com o melhor que conseguirmos.

 

O apelo à audição completa-se neste apurar de sentidos que, quase sem fechar os olhos, nos dá liberdade para sonhar e imaginar os cenários por trás de cada conversa, de cada história partilhada, da nossa própria história, dos nossos sítios onde encontrei Deus, onde apertei os meus lenços, onde eu também fui pessoa ativa na minha história. (Espero que guardem bem à vista as vossas histórias, aproveito. Além de o bastar por si só, podem ser os próximos convidados do Podcast que veio para ficar, quem sabe!)

 

“Olá, Gambozinos e Gambozinas, sou o João Almeida, sou animador há 3 anos e estou aqui para vos trazer um pouco deste espírito que nos mostra (quase descaradamente) para onde é o caminho.”

 

O que queima quando passo para o lado de ouvinte? A certeza de que muitas das mensagens dos nossos convidados tinha muito mais do que eu, na altura, interpretei, para acompanhar a sua dimensão. E que bom. É sempre melhor quando algo nos surpreende de novo e de novo outra vez. É bom ver poço sem fundo, nas palavras que ficam. Quem não guarda carinho por esse tipo de palavras?! Arde também a ousadia com que aqui e ali se fala sem prefixos, como o nosso querido Padre que, num podcast onde não se vinha falar de Deus e só de Deus se falou, acabou chamado pelo seu nome próprio apenas. E, acima de tudo, arde a gratidão, que já na altura transbordou em todos os episódios e hoje continua. Como quando se chega ao santuário no topo do monte e dias depois de seguir a vida, já só se quer voltar atrás para agradecer. E ficar horas a conversar, com ou sem micros, mas nesta simplicidade que é tão de Gambozino.

João Almeida

Um Natal diferente

Um Natal diferente

Mais uma vez, como membros da Igreja de Cristo, vivemos o início de um novo ano litúrgico, a marcar o começo de uma nova etapa na nossa caminhada de fé. A nossa vida, também é feita de etapas: infância, adolescência, adultez e velhice. Temos necessidade de viver novas etapas para marcar início de novo ciclo e quebrar a monotonia do tempo.

O ano litúrgico da Igreja, antecipa-se ao ano civil e começa com o tempo do Advento, quatro semanas de preparação intensa para o Natal. Advento significa esperar Alguém que está para vir, neste caso Jesus, que quis ser homem e fazer as três primeiras etapas da vida humana. Os judeus esperaram durante muitas gerações a vinda do Messias, que significa Ungido, escolhido por Deus para salvar o povo. O evangelista São Lucas, conta-nos que quando o Menino Jesus foi levado ao Templo de Jerusalém, duas pessoas já velhinhas, Simeão e Ana, que nunca desistiram de esperar, tiveram a sorte grande de verem o Messias, na figura do Menino e deram glória a Deus.  Poderemos consideram-nos sortudos porque os nossos antepassados na fé, os que viveram antes de Cristo, esperaram ano após ano a Sua vinda, e só muito poucos mesmo, é que O viram.  Nós já vivemos depois da Sua vinda e, de uma forma simbólica, esperamos, cada ano, apenas 4 semanas de Advento para celebrar o Natal. Em tempo de pandemia o mundo inteiro esteve à espera de uma vacina eficaz capaz de a combater. Foram nove meses longos de espera, testes, experimentação, trabalho de laboratório, partilha de conhecimentos e, finalmente, uma, duas, três…e mais vacinas. A diferença entre esta vacina e Jesus Salvador é infinitamente abismal. Como esperei a vinda de Jesus este Advento?

Natal 2020 vai ficar na História da Humanidade! Um Natal mais despojado, que não permitiu muitos ajuntamentos de pessoas. Recordemos que Jesus Menino foi visitado apenas por meia dúzia de pastores e 3 magos vindos do Oriente. Um Natal mais simples: menos consumo de alimentos, bebidas, álcool, viagens de carro, etc. Um Natal mais silencioso: menos música repetitiva de canções natalícias ligadas ao comércio; menos carros a fazerem barulho nas estradas, aviões no ar. Ouviu-se mais o silêncio da noite, que nos falou eloquentemente de um Deus pequenino. Um Natal mais virado para os pobres: através do milagre de distribuição de cabazes, na ajuda às famílias mais carenciadas, e de tantos gestos de fraternidade e de solidariedade nos quatro cantos do mundo.

Dêmos graças a Deus por este Natal  2020 despojado, simples, silencioso e pobre e que Deus nos dê a graça de o celebrarmos sempre assim. A todos, Ano 2021 cheio de graças do Senhor.

P. Abel Sj.

Uma retrospetiva a 2020

Uma retrospetiva a 2020

Começamos o ano de 2020 em grande, tudo o que tomávamos como garantido nos Gambozinos estava a andar sobre rodas, os grupos já estavam com algumas atividades loucas no bolso e com outras tantas por sonhar e concretizar até ao final do ano letivo, como fazíamos todos os anos. No início de Março aconteceu o belíssimo RAIO, no qual tivemos a oportunidade, com os dinossauros, de recentrarmo-nos no essencial da nossa missão.

Pouco tempo passou e fomos para as nossas casas. Ora, era agora a prova dos nove, o tempo favorável era agora!!!

Então, pegámos na nossa caixinha de instrumentos, no meio do Assalto ao Castelo e pelo meio de todos os BD´S, dos campos, dos minicampos e encontrámos a nossa criatividade! Apesar de estarmos em casa, arregaçámos as mangas e acendemos o petromax, pois estávamos a viver momentos de incerteza, mas sabíamos que não estávamos sozinhos. Fizemo-nos presentes em casa de cada gambozino, de Norte a Sul do país, com tudo o que tínhamos para dar porque nada nos pode parar, mesmo à distância!

Estava a chegar o verão, um dos momentos tão esperados por todas as famílias quando, de repente, nos dizem que não vai haver campos de férias, aqueles 10 dias que preenchem todo o verão.

Surge a necessidade de nos reinventarmos, eis que nasce o Viver a Agradecer no Bairro (Braga, Peniche e Pragal) em que durante duas semanas, um pequeno grupo de animadores vira cada bairro de pernas para o ar com a simplicidade e alegria, tão característica da nossa associação. O Verão a acabar, mas ainda cheio de VAPOR para dar, a atividade com Lisboa e Resto do Mundo passou um belo dia de campo pelo meio da Serra de Sintra, onde se reencontraram tantos amigos.

Já em novos moldes, demos início a um novo ano de Gambozinos! Para já não vamos conseguir fazer um fim-de-semana com o nosso grupo, mas aproveitamos as atividades em grupos mais pequenos, para conhecermos melhor aquela pessoa com quem se calhar nunca tínhamos falado muito e já fizemos um campo de verão.

Achávamos nós que o ano estava a acabar quando, Viver a Agradecer Revellion!!! no Pragal e em Peniche. Nada melhor que voltarmos a estar de uma maneira descontraída, por entre conversas e jogos, de que todos temos saudades.

Acaba mais um ano, e ao olharmos para trás, percebemos que esteve repleto de coisas boas. Apesar de atípico, superou tudo o que achávamos possível ser concretizado.

O que nos espera este ano não sabemos ao certo, mas agradecemos por esta Graça que nos foi dada, de pertencermos a esta grande família pois não caminhamos sozinhos!

Realmente não é coisa para meninos, mas para Gambozinos. 🙂

Margarida Barbosa

 

Ser Gambozino na adversidade

Ser Gambozino na adversidade

Estavas tu muito bem, na tua zona de conforto, a sonhar com mais um ano cheio de atividades mensais, com mais um verão de campos de férias, com um ano 2020 recheado de oportunidades, com uma nova década repleta de novidades…

A novidade que surgiu foi, no entanto, um vírus, uma pandemia, uma situação que trouxe uma enorme instabilidade – não só ao mundo e ao nosso país – mas também à integridade mental, à liberdade de cada um e à relação espiritual com Deus e connosco próprios.

 

Como correu este ano letivo?

Durante o ano letivo 2019-2020 fiz parte do grupo do GEMA (Gambozinos Encontram a Missão de Animar) e em Fevereiro recebi o convite para ser animadora do Campo de GII, como tia – o meu cargo e campo de sonho!

Eram tantas as expectativas, os nervos, a vontade, o entusiasmo, a alegria… que quando foi decidido o cancelamento de todas as atividades presenciais para o resto do ano, incluindo os campos de férias, nem acreditei logo que seria possível um Verão sem campos. Desde pequenina – até ter idade para ser participante – que acompanhei a minha família em campos de férias, por isso nunca antes, em toda a minha vida, tinha vivido um Verão sem aqueles 10 dias especiais de crescimento, de construção de amizades diferentes e novas, e de aprofundamento da minha relação com Deus.

 

Como foi viver um Verão sem campos de férias?

Aquilo de que me fui apercebendo ao longo deste ano cheio de mudanças, foi que o mais importante é saber ser Gambozino, não só nas atividades, nos campos de férias e num ano em que tudo corre como o planeado, mas também na ausência de todas essas coisas, quando tudo parece mais complicado e fora do normal.

É saber procurar a fundo a nossa missão nesta Associação, sem ser “encaixar” nos parâmetros do costume como tia, mamã, animador de equipa, ou livre.

É descobrir o que temos de melhor para dar, e perceber como.

É, essencialmente, não nos conformarmos com “um ano perdido”, atividades adiadas, campos cancelados, mas fazer frente a este desafio e tentar levar o espírito gambozínico para todo o lado, numa altura em que é mais preciso e tão procurado.

É ser Gambozino em casa, no nosso círculo mais próximo.

É ser Gambozino na nossa situação de estudos ou trabalho, seja ela qual for.

É ser Gambozino todos os dias, independentemente de ser mais fácil ou mais difícil, mais óbvio ou mais fora do normal, mais confortável ou mais duro.

É, agora mais do que nunca, dar asas ao lema de sair da zona de conforto e ir procurar no desconhecido.

Também Jesus, ao longo do seu percurso, nunca deixou de parte a sua Missão, nunca desistiu nem perdeu o rumo, mesmo (e principalmente) nos momentos mais difíceis.

Tenho reconhecido as respostas que a GBZ tem dado para este ano com mais obstáculos. O esforço, as ideias, as inovações, a criatividade, a entrega, a persistência… para que não deixemos de parte a nossa Missão de levar Jesus aos outros e de crescer com Ele, para que sejamos Gambozinos na adversidade!

Ginjinha Archer

O Fado do Gambozino

O Fado do Gambozino

Há uns dias atrás discutíamos entre amigos gambozinos, em preparação para o Raio, o que é que nos fazia verdadeiramente aderir a esta causa, e ‘vestir a camisola’ GBZ. As opiniões dividiam-se, entre os que achavam que o que nos liga são as relações de amizade com pessoas concretas, que nos chamam para o movimento, e os que achavam que há uma causa, um conjunto de princípios a que aderimos por convicção.

Claro que a conclusão inevitável (e pouco satisfatória para os amantes da boa discussão) é que as duas coisas se conjugam para que estejamos de coração a levar a GBZ para diante. Mas esta conversa fez-me relembrar aquilo que quis expressar quando escrevi o poema para o Fado do Gambozino.

Eu não sou poeta. Mas sou fadista. Escrevo poemas para os cantar, porque acredito que um verdadeiro fadista deve cantar aquilo em que acredita, com que se identifica, aquilo que sente. E por isso, naquela altura, decidi escrever um poema para cantar na Noite de Fados dos Gambozinos, na tentativa de ser uma espécie de lema, mas, na verdade, revelando o que me dizia a mim, o nosso movimento.

Acho que foi em 2008. Estávamos a preparar a segunda edição dos Gambozinos by Night (noite de fados de angariação de fundos). Como já se apresentava como uma possível tradição, numa fase de grande crescimento do movimento, achámos que a ocasião merecia uma letra de fado dedicada aos Gambozinos, para acabar a noite. E fiz-me ao trabalho, entre montagens de mesas e tarefas variadas.

A primeira estrofe não tem grande riqueza de significado. Surgiu mais como uma brincadeira com a letra original do fado Tudo isto é fado, celebrizado por Amália Rodrigues, e escolhido por ser conhecido de todos, para que todos pudessem cantar!

No refrão procurei sintetizar o que são os Gambozinos, ou talvez o que são para mim os Gambozinos: das atividades à essência, dos campos à relação com pessoas de meios tão diferentes, dos “dias fixes” e explicações à relação com Jesus e à procura do Maior bem.

A segunda estrofe é a que tem a ver com a tal discussão de que falava no princípio. Depois de, enquanto participante, me ter encantado com as pessoas e divertido com as atividades dos Gambozinos, quando cheguei a animador fui percebendo que o modo de agir e de viver gambozínicos, os valores e critérios, se aproximavam muito daquilo que eu acreditava ser a missão cristã, e a maneira como toda a gente devia viver, para que o Reino de Deus existisse na Terra. E isso deu-me grande alento para me entregar à causa de todo o coração.

Fui à caça ao gambozino, e apanhei uma Missão!

 

Perguntaste-me outro dia

O que é um gambozino

Disse que não existia

Que eram coisas de menino

Mas bastou-me ir a Peniche

Braga, Lisboa ou Pragal

P’ra ver que não é de um bicho

Que tu falas afinal

 

Campos de férias, jogos, matérias de explicação

E amizades entre verdades sem relação

Em cada dia a alegria ter por destino

E olhos em Cristo, é tudo isto ser Gambozino

 

Descobri que este ser

É uma forma de vida

Não só coisas para fazer

Mas postura defendida

Amar e servir são hino

Desta grande associação

Fui à caça ao gambozino

E apanhei uma Missão

 

 

Zezé Souto Moura

Um Gambozino em Quarentesma

Um Gambozino em Quarentesma

Querido Gambozino,

Sim, tu…! Não é por estares fechado em casa, por não haver atividades ou por não estares com os teus amigos que deixas de ser Gambozino. Dá mais trabalho, é verdade, mas és um Gambozino também nesta Quarentesma!

Um verdadeiro Gambozino é Gambozino todos os dias do ano, 24 horas por dia. É Gambozino na escola, em casa, no trabalho, na faculdade, com os amigos, com os pais, com os irmãos, com os vizinhos e até com aquele estranho na rua. É Gambozino em Braga, em Lisboa, no Pragal, no Porto, em Peniche e no resto do mundo.

Neste tempo a vontade é pouca. A vontade é pouca porque estamos em casa e o sofá é confortável, porque não há professores a ajudar-nos a estudar, porque estamos tão aborrecidos que chatear o irmão é fonte de diversão. Porque no meio de tanta confusão nada que faças parece ajudar.

Infelizmente ou não, nesta quarentena ficares quietinho em casa é a tua maneira de ajudar. Tenho uma sugestão: pensa nisto como uma mega SORNA! E o que é que se faz na sorna? Na sorna, há Gambozinos que lavam a louça e uns que ajudam a mamã e os tios na cozinha, alguns decidem aprender guitarra ou participar num workshop de assobios. Há quem decida que é altura de lavar a roupa ou fazer tranças a alguém, há quem dance e faça aplausos. Uns desenham e outros tiram este tempo para parar e rezar. Se uma quarentena é uma sorna grande então dedica-te a ela e aproveita-a como deve ser! Melhor, aproveita-a tendo em conta este tempo especial – a Quaresma!

Não te esqueças Gambozino – é um tempo difícil, mas é o tempo favorável. É o tempo para parares e começares de novo.

Por isso vai Gambozino, levanta-te do sofá, larga o instagrã e vai ajudar quem está contigo! Liga a um amigo que precise e dedica-te aos estudos ou ao trabalho. Vai para a janela e toca guitarra, faz um “Arram Sam Sam” ou um “Bananas United” para os vizinhos. Melhor ainda, inventa um aplauso para esta época especial. Faz uma Gamboliga com os teus cães, prepara um lanche e ajuda a lavar a louça, aprende uma coisa nova e lê um livro. Tira tempo para parar, agradecer a sorte que tens no meio disto tudo e pedir por quem não tem a mesma sorte que tu. Faz-te a esta Quarentesma Gambozino, e mostra a todos (ou pelo menos aí em casa) porque é que dizem que somos Loucos da Cabeça.

 

Maria Coimbra