Mais uma vez, como membros da Igreja de Cristo, vivemos o início de um novo ano litúrgico, a marcar o começo de uma nova etapa na nossa caminhada de fé. A nossa vida, também é feita de etapas: infância, adolescência, adultez e velhice. Temos necessidade de viver novas etapas para marcar início de novo ciclo e quebrar a monotonia do tempo.

O ano litúrgico da Igreja, antecipa-se ao ano civil e começa com o tempo do Advento, quatro semanas de preparação intensa para o Natal. Advento significa esperar Alguém que está para vir, neste caso Jesus, que quis ser homem e fazer as três primeiras etapas da vida humana. Os judeus esperaram durante muitas gerações a vinda do Messias, que significa Ungido, escolhido por Deus para salvar o povo. O evangelista São Lucas, conta-nos que quando o Menino Jesus foi levado ao Templo de Jerusalém, duas pessoas já velhinhas, Simeão e Ana, que nunca desistiram de esperar, tiveram a sorte grande de verem o Messias, na figura do Menino e deram glória a Deus.  Poderemos consideram-nos sortudos porque os nossos antepassados na fé, os que viveram antes de Cristo, esperaram ano após ano a Sua vinda, e só muito poucos mesmo, é que O viram.  Nós já vivemos depois da Sua vinda e, de uma forma simbólica, esperamos, cada ano, apenas 4 semanas de Advento para celebrar o Natal. Em tempo de pandemia o mundo inteiro esteve à espera de uma vacina eficaz capaz de a combater. Foram nove meses longos de espera, testes, experimentação, trabalho de laboratório, partilha de conhecimentos e, finalmente, uma, duas, três…e mais vacinas. A diferença entre esta vacina e Jesus Salvador é infinitamente abismal. Como esperei a vinda de Jesus este Advento?

Natal 2020 vai ficar na História da Humanidade! Um Natal mais despojado, que não permitiu muitos ajuntamentos de pessoas. Recordemos que Jesus Menino foi visitado apenas por meia dúzia de pastores e 3 magos vindos do Oriente. Um Natal mais simples: menos consumo de alimentos, bebidas, álcool, viagens de carro, etc. Um Natal mais silencioso: menos música repetitiva de canções natalícias ligadas ao comércio; menos carros a fazerem barulho nas estradas, aviões no ar. Ouviu-se mais o silêncio da noite, que nos falou eloquentemente de um Deus pequenino. Um Natal mais virado para os pobres: através do milagre de distribuição de cabazes, na ajuda às famílias mais carenciadas, e de tantos gestos de fraternidade e de solidariedade nos quatro cantos do mundo.

Dêmos graças a Deus por este Natal  2020 despojado, simples, silencioso e pobre e que Deus nos dê a graça de o celebrarmos sempre assim. A todos, Ano 2021 cheio de graças do Senhor.

P. Abel Sj.