A Província Portuguesa da Companhia de Jesus celebrou no dia 29 de junho um protocolo com a Quebrar o Silêncio, associação que dá apoio especializado a homens e rapazes vítimas de variadas formas de violência sexual. As duas entidades reconhecem, mutuamente, a motivação e compromisso de escuta, acolhimento e acompanhamento das vítimas de qualquer forma de abusos, e procuram responder com mais rigor e qualidade técnica às necessidades das vítimas.

A Província Portuguesa da Companhia de Jesus abriu, em novembro de 2021, no âmbito do Serviço de Proteção e Cuidado, um Serviço de Escuta com o objetivo de acolher, escutar e acompanhar vítimas de abusos no seio da Companhia de Jesus.

A Quebrar o Silêncio Associação, criada em 2017, é uma associação sem fins lucrativos que presta apoio especializado a homens e rapazes sobreviventes de violência e abuso sexual. Esta associação disponibiliza serviços gratuitos e confidenciais de apoio psicológico, grupos de ajuda mútua e apoio entre pares.

Este protocolo resulta da vontade de proporcionar às vítimas e sobreviventes de algum abuso sexual em instituição pertencente ou ligada à Companhia de Jesus um apoio técnico especializado.

Resulta ainda da convicção de que para as vítimas de abusos em contexto de Igreja, a dimensão espiritual e, em concreto, da fé, é afetada e algumas delas manifestam o desejo ou necessidade de acompanhamento espiritual, complementar a outras áreas de intervenção e apoio técnico.

Sobretudo desde a criação do Serviço de Escuta, a Companhia de Jesus e a Quebrar o Silêncio têm trabalhado de forma próxima, tendo vindo a consolidar o respeito e a confiança a nível humano e técnico. Com efeito, o Diretor Técnico da Quebrar o Silêncio integra o grupo consultivo do Serviço de Escuta. Para além disso, estas entidades têm colaborado ainda em momentos de sensibilização e formação.

Nos termos do protocolo assinado, a Companhia de Jesus conta com a Quebrar o Silêncio para o apoio técnico especializado a cada vítima, prestando informação sobre os seus serviços e contactos. No mesmo sentido, também a Quebrar o Silêncio, se verificar, no âmbito do apoio a uma vítima, que se trata de um abuso ocorrido nalguma instituição ligada à Companhia de Jesus, informa-a da existência do Serviço de Escuta, facultando os seus contactos.

Por outro lado, pretende-se que, perante a identificação de necessidade de apoio espiritual por parte da vítima, possa a Companhia de Jesus, através do Serviço de Proteção e Cuidado, colaborar com a Quebrar o Silêncio na procura de resposta.

O presente protocolo prevê ainda que as partes possam continuar a colaborar uma com a outra na formação contínua e avançada dos seus técnicos e colaboradores.

Os Delegados do Serviço de Proteção e Cuidado das Obras da PPCJ tiveram, recentemente, formação contínua especializada sobre abuso sexual de crianças e jovens.

Por sua vez, a PPCJ realizará no próximo dia 14 de setembro uma sessão de formação dirigida a técnicos da Quebrar o Silêncio Associação sobre a dimensão espiritual do abuso sexual.

A parceria entre a Companhia de Jesus e a Quebrar o Silêncio faz-se no interesse da vítima, garantindo o seu respeito integral, a sua vontade, autonomia e liberdade e o sigilo profissional a que os técnicos estão sujeitos.

Os jesuítas portugueses acreditam que ser Igreja é trabalhar em conjunto para amar e servir, pelo que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus continuará a construir pontes com outras associações que prestam serviço especializado a vítimas, nomeadamente as que trabalhem com crianças e mulheres vítimas de abusos, com quem poderá vir a celebrar protocolos da mesma natureza.

CONTACTOS: 

QUEBRAR O SILÊNCIO

Tlf. 910 846 589 | [email protected]
HORÁRIO: Das 9h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira, exceto feriados

SERVIÇO ESCUTA

Tlf. 217 543 085 | [email protected]
HORÁRIO: Das 9h30 às 18h, de segunda a sexta-feira.

Fotografia de capa: Protocolo assinado pelo P. António Ary, sj (Sócio da Província Portuguesa da Companhia de Jesus) e por Ângelo Fernandes (diretor técnico da Quebrar o Silêncio)

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.