Igreja Doméstica – Acompanhar quem sofre

O Amor de Jesus levou-O a sacrificar-Se, ao ponto de dar a Sua vida por nós. Ele tomou sobre si todo o nosso mal, para nos resgatar. Hoje começa a semana em que celebramos esse imenso mistério.

O Amor de Jesus levou-O a sacrificar-Se, ao ponto de dar a Sua vida por nós. Ele tomou sobre si todo o nosso mal, para nos resgatar. Hoje começa a semana em que celebramos esse imenso mistério.

Estando sozinho, podes fazer estas propostas convidando alguém a juntar-se a este momento através de alguma ferramenta de comunicação.

PREPARAR O ESPAÇO

Escolhe um lugar onde te sintas tranquilo para fazer a oração em família e cuida do espaço. Desliga a televisão, tira o som ao telemóvel e senta-te confortável: acende uma vela e coloca uma imagem de Jesus Cristo no centro de todos os olhares.

SABOREAR A PALAVRA

Lê pausadamente o Evangelho em família.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos     

Naquele tempo, os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho, logo de manhã, com os anciãos e os escribas, isto é, todo o Sinédrio. Depois de terem manietado Jesus, foram entregá-l’O a Pilatos. Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos judeus?». Jesus respondeu: «É como dizes». E os príncipes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra Ele. Pilatos interrogou-O de novo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada respondeu, de modo que Pilatos estava admirado. Pela festa da Páscoa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha. Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurretos, que numa revolta tinham cometido um assassínio. A multidão, subindo, começou a pedir o que era costume conceder-lhes. Pilatos respondeu: «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».  Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregado por inveja. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes Barrabás. Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes: «Então, que hei-de fazer d’Aquele que chamais o Rei dos judeus?». Eles gritaram de novo: «Crucifica-O!». Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?». Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-O!». Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado. Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio, que era o pretório, e convocaram toda a corte. Revestiram-n’O com um manto de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido. Depois começaram a saudá-l’O: «Salve, Rei dos judeus!». Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele. Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe as suas roupas. Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem. Requisitaram, para Lhe levar a cruz, um homem que passava, vindo do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo. E levaram Jesus ao lugar do Gólgota, quer dizer, lugar do Calvário. Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não o quis beber. Depois crucificaram-n’O. E repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um. Eram nove horas da manhã quando O crucificaram. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: «Rei dos Judeus». Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo: «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz». Os príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo: «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos». Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam. Quando chegou o meio-dia, as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde. E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?». Que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?». Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias». Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse: «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali». Então Jesus, soltando um grande brado, expirou. O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião que estava em frente de Jesus, ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou: «Na verdade, este homem era Filho de Deus».

 

TEMPO DE ORAÇÃO PESSOAL

O Amor de Jesus levou-O a sacrificar-Se, ao ponto de dar a Sua vida por nós. Ele tomou sobre si todo o nosso mal, para nos resgatar. Na Sua entrega total, foi abandonado e negado por amigos e, em grande sofrimento, gritou o abandono último que sentiu, o do Pai. A Paixão de Jesus é uma descida aos abismos. Traído e renunciado, Ele sofre e chama a Si o sofrimento de toda a humanidade, em toda a sua História.

1.     Coloca-te numa posição confortável e fecha os olhos. Sente o teu corpo a relaxar e presta atenção à tua respiração. Faz-te presente no aqui e no agora. Inspira e enquanto o ar sobe, deixa entrar o amor de  Deus. Expira, e deixa sair  todas as tuas preocupações e ansiedade. Estás num sítio seguro, de encontro com um Amigo. É Deus que está contigo neste momento. Permite-te sentir o Seu abraço que te envolve, e deixa que este sentimento de Amor se espalhe por todo o teu corpo. Ao som do cântico “Nada te turbe”, saboreia a Palavra de Deus no teu coração.

2.     Reza por todos aqueles que sofrem, no corpo ou na alma, para que se sintam acompanhados na dor por este Jesus que experimenta a desolação, o abandono e a injustiça por Amor a nós.

3.     Nas tuas relações (família, amigos, colegas de curso ou de trabalho, paróquia ou comunidade…), tens acompanhado os que sofrem? As tuas palavras e os teus gestos têm sido resgatadores? O que deves e podes mudar?

4.     Na Sua entrega, Jesus revela a Sua identidade divina e manifesta total confiança no Pai. Ele vive em pleno o Amor incondicional, ao ponto de ir para lá dos Seus limites e quereres. Reza para que Deus te cubra de graças, de modo a viveres por inteiro e na verdade uma entrega incondicional em cada pequeno momento do dia a dia.

 

PARA REZAR COM OS MAIS NOVOS

Antes de iniciar, preparar o cantinho de oração: Com os materiais que têm em casa (lápis de cores ou marcadores e papel, pauzinhos de gelado, plasticina, flores, conchas, legos) e usando a criatividade, façam um crucifixo. Coloquem-no num lugar especial da casa, escolhido como o “cantinho de oração” desta semana.

1. Durante uns breves momentos, sintam o inspirar e o expirar, e escutem a música:

Com a música ainda ao fundo, alguém lê o texto sem pressa:

Aquela Hora. Jesus teve que carregar uma cruz enquanto ia para o lugar onde ia ser morto, num monte alto fora da cidade. Mas estava tão cansado que pediram a Simão de Cirene para O ajudar a levá-la. Quando chegaram lá cima, prenderam Jesus nessa grande cruz. Antes de morrer, Jesus sofreu muito. Sentiu a dor dos pregos na cruz e teve muita sede. As pessoas gozavam-n’O: “Salvaste os outros e não te salvas a ti?”. Mas Jesus rezava baixinho, pedindo ao Pai do Céu que as perdoasse. A meio do dia, o Céu tornou-se escuro e Jesus morreu.

2.    Simão de Cirene soube estar ao pé de Jesus, ajudar, e não O deixou sozinho. Cada um pede (em voz alta) por aqueles que estão a sofrer e pensa numa forma muito concreta de durante esta semana se aproximar de alguém, a quem poderá ajudar a “levar a cruz”.

3.    Além de ter sido abandonado pelos melhores amigos, e depois de todo o sofrimento, as pessoas “gozavam-n’O”. Também cada um de nós já se sentiu enganado, sozinho e humilhado. Fomos sempre capazes de perdoar? Cada um toma como compromisso para esta semana ser simples e humilde. Se for caso, procura limpar o coração da mágoa que ficou.

4.    Esta é Semana Santa, ou a Semana Maior, e é um tempo muito especial para todos os que acreditam em Jesus. Todos os dias desta semana, encontrem um tempo em família, para rezar, com Jesus na Cruz. Podem usar a música proposta, lembrando: Ele deu tudo, tudo até ao máximo que é possível dar. Ele deu a sua vida.

Extra. Sugestão de leitura para esta semana: A árvore generosa, Shel Silverstein.

PRATICAR A PALAVRA

Começa hoje uma semana muito importante para os cristãos. Em família, recordem a intensidade dos momentos que foram vividos por Jesus nestes dias. À entrada triunfal em Jerusalém, com momentos de glória e clamor, seguiram-se momentos de traição, dor e sofrimento. A vida de cada um de nós também é atravessada por momentos de profunda solidão, tristeza e dor. Mas também, por momentos de festa, alegria e esperança. Em família, façam um propósito para esta semana: serem fonte de luz na vida de alguém. Que pessoas conhecem que precisam sentir a ternura do abraço de Deus nestes dias que vivemos? Cada membro da vossa família escolhe uma pessoa, e escreve o seu nome num papel. De seguida, escolham gestos de misericórdia concretos e anotem-nos no mesmo papel. Um gesto por cada dia e por cada pessoa, ao longo de toda a Semana Santa: um telefonema; uma mensagem de bons dias; uma visita surpresa; um recado que pode ser feito; a correção de alguma situação injusta; a partilha de uma boa notícia. Sejam criativos! E rezem, com particular intenção, pela pessoa que escolheram e acolheram.

 

 

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.