O Nomos da terra e o deserto
Não corresponde a atitude de fé mais propriamente ao nómada do deserto, em vez de àquele que se vincula e se prende ao nomos da terra e ao seu direito sobre ela?
Não corresponde a atitude de fé mais propriamente ao nómada do deserto, em vez de àquele que se vincula e se prende ao nomos da terra e ao seu direito sobre ela?
Com todo o dinamismo comunicacional que o acompanha, ficamos com a impressão de que toda a humanidade está fortemente envolvida e que o impacto global será imenso. Mas será mesmo assim? Sim e não. Tentarei explicar-me.
Aqui proponho uma breve topologia, que leva em consideração algumas das principais deslocações do crer no contexto das culturas contemporâneas.
O que ouvimos, o que vemos, o que cheiramos, o que tocamos, o que saboreamos atinge-nos de forma impressionante, colocando-nos perante o mistério de um mundo que não precisa de nada especial para vibrar em todos os seus elementos.
Essa será sempre a missão universal ou católica do cristão, cuja identidade é a exposição ao diferente de si mesmo e não a posse de um conjunto de propriedades claramente definidas. Somos enviados ao mundo, não somos senhores do mundo.
Este paradigma, que considera os humanos como proprietários do resto do mundo, estende-se à relação entre os humanos, acabando por definir uns como sujeitos e outros como objetos.
Partir(-se) para (se) dar, na exposição ao outro, é o núcleo da constituição do corpo comunitário, neste caso como corpo eclesial, o que permite falar da Igreja (concreta e local) como corpo de Cristo ou corpo de Deus.
A morte, como ato supremo de amor, transforma-se por isso em vida – e a essa transformação chamamos Ressurreição.
O teólogo João Duque revisita o texto da convocatória do Concílio Vaticano II convocado a 25 de dezembro de 1961.