Que importância tem a quaresma na vida de um cristão?
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A paixão, morte e ressurreição de Cristo são um mistério fundamental da nossa fé como cristãos. Todos os grandes acontecimentos, na vida humana e cristã, devem ser convenientemente preparados para serem plenamente vividos. A quaresma é o tempo litúrgico de preparação da Páscoa.
Que significa quaresma? Porque são 40 dias?
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Dizer quaresma é o mesmo que dizer quarentena. São os 40 dias de preparação da celebração da Páscoa, que começam na quarta-feira de cinzas e vão até ao tríduo pascal: quinta, sexta e sábado santo.
O facto de serem 40 dias é muito mais que uma questão de contabilidade. Este número recolhe simbolicamente o significado de Cristo ter passado 40 dias e 40 noites no deserto, em jejum e oração, antes de iniciar a sua vida pública. Também no Antigo Testamento encontramos o mesmo número simbólico de uma preparação séria: 40 anos de travessia do deserto para preparar o povo de Israel a fim de entrar na Terra Prometida; 40 dias que prepararam Moisés e Elias para o encontro com Deus, no Monte Sinai e no Monte Horeb, respetivamente; 40 dias de penitência pregados por Jonas para salvar Nínive.
Porque é que o carnaval vem antes da quaresma?
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Tendo a quaresma uma dimensão penitencial, de jejum e abstinência de carne, as festas e folias do carnaval são uma despedida para entrar neste período em que se cultiva a ascese e o sacrifício, como purificação para a celebração da Páscoa. Aliás, a palavra «carnaval» vem do latim: «carne vale», ou seja, adeus à carne, porque, sobretudo nas sextas feiras, se deixava de comer carne.
A quaresma é um tempo especial de penitência?
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O Concílio Vaticano II sublinha dois aspetos principais da quaresma: «recordação ou preparação do Batismo» e penitência: «Inculque‑se nos espíritos, a par com as consequências sociais do pecado, a própria natureza da penitência, que é detestação do pecado por ser ofensa de Deus» (SC 109).
Que penitências são recomendadas na quaresma?
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A principal penitência é a conversão de nós mesmos, renunciando ao pecado e a toda a espécie de egoísmo, convertendo‑nos mais a Deus e ao amor fraterno. O nosso Papa Francisco aponta a quaresma como «um caminho de conversão, de luta contra o mal, com as armas da oração, do jejum, da misericórdia».
Assumir voluntariamente algum sacrifício ou penitência é como que uma ginástica espiritual, ou espiritoterapia, que nos treina para evitar o pecado e exercitar as obras do bem. Por exemplo, privar‑nos de alguns alimentos, particularmente de guloseimas; visitar quem vive na solidão ou está doente; praticar alguma obra de misericórdia; ajudar quem precisa de nós, renunciando a ficarmos centrados no nosso conforto.
Porque é que não se deve comer carne nas sextas-feiras?
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É a norma comum a toda a Igreja, da qual naturalmente estão dispensados os idosos, as crianças e os doentes. Trata‑se de concretizar, com uma prática, o espírito de penitência, de conversão, de renúncia ao mal e adesão ao bem.
Este gesto penitencial da tradição da Igreja poderá ser substituído «pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou de especial preferência de cada um»; também pela oração, pela esmola ou outra obra de renúncia e caridade, segundo as normas da Conferência Episcopal Portuguesa (1985.01.28).
Porquê às sextas‑feiras e não noutro dia de semana? Para ser um gesto comunitário de penitência, de conversão, tinha de se escolher um dia, e a sexta-feira é o dia em que Jesus Cristo entregou a sua vida numa cruz para a salvação da humanidade.
Como é que a renúncia aos bens materiais nos pode aproximar mais de Deus?
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Partilhar com quem passa necessidade é mais do que um ato de generosidade, é um ato de justiça. Também o jejum deve ter este horizonte de partilha: privamo nos de algo, em solidariedade com os que experimentam situações de pobreza, oferecendo a nossa contribuição para uma obra social, para as Misericórdias ou a Cáritas…
As Dioceses costumam fomentar, em cada quaresma, uma campanha para a entrega do «contributo penitencial» com uma finalidade determinada.