O mundo fala de sucessos, mas o Evangelho fala de frutos

Os jesuítas e a Igreja celebram no último sábado Santo Inácio de Loiola. A comunidade inaciana reuniu-se em diversas partes do país para celebrar a Eucaristia. Em Lisboa o P. Miguel Almeida, provincial, presidiu à celebração.

De norte a sul do país, a comunidade inaciana reuniu-se ontem, em clima de festa e familiaridade, para rezar em conjunto e agradecer a vida de Santo Inácio e o modo como ela tocou e continuar a tocar na vida de tantas pessoas. Braga, Coimbra, Covilhã, Lisboa,  Almada (Pragal), Évora, Mexilhoeira Grande e Portimão foram os locais em que se celebrou a Eucaristia da solenidade de Santo Inácio de Loyola.

Em Lisboa, a Eucaristia presidida pelo provincial, P. Miguel Almeida, teve lugar no Colégio São João de Brito. Devido aos constrangimentos da pandemia, a missa decorreu no campo de futebol, à semelhança do ano passado. Além de centenas de pessoas ligadas à comunidade inaciana e de diversos jesuítas portugueses,  estiveram presentes três sacerdotes jesuítas indianos e um diácono jesuíta timorense.

Na homilia, o padre provincial alertou para a tentação de avaliar a vida espiritual com o critério do sucesso a que o mundo constantemente nos chama: “o mundo fala de sucessos, mas o Evangelho fala de frutos”. O P. Miguel sublinhou a importância de ler a própria história à luz da fé, de um modo agradecido para que “também as feridas, também o que corre mal, também as perdas e também as dores que fazem parte da história de todos, vão ajudando a construir uma esperança e um futuro”. “E os santos” – continuava – “são aqueles que conseguem ir integrando aquilo que acontece (a realidade como ela é) na sua vida, que conseguem ter uma leitura espiritual e se deixam alcançar pela misericórdia.”

Na sua reflexão, o provincial dos jesuítas portugueses recordou o tema do ano inaciano que a Companhia em todo o mundo celebra este ano – Ver novas todas as coisas em Cristo –  desafiando a comunidade a rezar neste tempo de férias: “Como se veem novas todas as coisas? Se as coisas não mudam é o nosso olhar que tem de mudar. Como é que olhamos para esta pandemia e, a partir dela, começamos a ler a nossa vida? O que é que esta pandemia nos pode oferecer de novo? Com a sua dor, com a sua dificuldade? O que revelou? A que coisas estávamos desatentos e que vieram ao de cima – como é que pegamos neste património e vivemos?”

Finalmente, o P. Miguel Almeida convidou cada um a aceitar viver a sua vida em processo, destacando que isso implica “não ter as coisas resolvidas, ir crescendo no meio de dúvidas e aceitar fazer um percurso com dúvidas”.

Terminada a missa, entre conversas e cumprimentos, com muita simplicidade todos ajudaram a arrumar o espaço.

 

Fotografia: Ricardo Perna