Começámos por reunir com o Senhor Presidente do Município de Tete, César Carvalho. Recebeu-nos com alegria e mostrou grande interesse no trabalho a que nos propusemos, apresentou-nos o Senhor Vereador do Departamento de Ação Social e Jardins, e este alocou uma equipa do Município para trabalhar connosco.
O próximo passo foi reunir com o Senhor Secretário do Bairro Samora Machel, o Senhor Inoque para nos apresentarmos e mostrarmos o trabalho que pretendemos desenvolver no seu Bairro. Prontamente se dispôs a colaborar connosco, marcando de seguida reuniões com a união dos Pastores do Bairro e os chefes das Unidades do Bairro. Após estas reuniões em que pudemos apresentar a nossa proposta de trabalho, seguiram-se muitos dias de visitas ao Bairro com os seus representantes.
Iniciámos com uma reunião com representantes de várias Igrejas presentes no Bairro, juntaram-se nesse dia vários Pastores, jovens e mães destas igrejas com quem tivemos o privilégio de conversar e a quem pudemos apresentar este projeto, foi um primeiro impulso aos dias de trabalho que se seguiram, onde conseguimos conhecer e identificar algumas pessoas que poderiam ter interesse em fazer parte dos nossos futuros grupos.
Depois deste dia, seguiram-se as nossas caminhadas pelo Bairro, começadas a 21 de janeiro e terminadas a 6 de março. Visitámos todas as 12 Unidades que o compõem e cada visita foi diferente. Algumas vezes os chefes entendiam precisamente o que pretendíamos com estas visitas, outras tínhamos de explicar um pouco mais, mas em todas se mostraram surpresos por querermos caminhar pelo Bairro, muitas vezes ouvimos “Caminhar? No matope [1]?”).
Com estas nossas caminhadas, e também através da grande abertura e colaboração das pessoas, conseguimos aproximar-nos dos moradores, conseguimos ver, com olhos de ver, as condições em que vivem, ouvir as suas preocupações e conversar um pouco sobre as suas vidas. Mostrámos interesse por eles e em resposta, eles mostraram interesse em nós. Foram dias cansativos, de muitos quilómetros percorridos, e connosco vieram representantes das Unidades que muitas vezes chamaram mulheres e jovens para nos acompanhar, ficámos a conhecer bastante melhor o terreno e as pessoas que o habitam. Gostava de poder dizer que agora já não nos perdemos no Bairro, mas acho que isso nunca vai acontecer, a extensão é vasta e ainda há muito por conhecer e explorar.
Agora seguimos caminho, fomentando as relações que aí iniciámos e procurando que se interessem por vir a integrar os nossos grupos. “Panghono, panghono [2]” vamos andando.
[1] Matope= lama
[2] Devagar, devagar
Jornalista: Marta Melo, missionária dos Leigos para o Desenvolvimento na Missão de Tete, Moçambique.