O GCPM saiu à rua pela primeira vez, para deixar o seu bairro mais limpo

Não queremos falar só! Temos que pôr mãos à obra! A restante comunidade deve conhecer-nos!

Assim falaram os membros do Grupo Comunitário de Praia Melão (GCPM), em São Tomé, cheios de vontade de fazer progredir a sua terra e melhorar as condições da zona onde vivem.

Este Grupo Comunitário estreou-se em reunião plenária no passado mês de novembro e junta representantes das diversas entidades e forças vivas do território de Praia Melão. Desde então, tem reunido mensalmente e tem vindo a construir o diagnóstico participativo e aprofundado dos problemas da zona. Passados estes quatro meses, já chegou a acordo sobre a priorização dos problemas que identificou e iniciou o planeamento de atividades específicas para atacar as raízes dos mesmos. No entanto, enquanto este processo de diálogo e preparação decorre a todo o gás, os elementos deste grupo não quiseram “ficar só sentados”. Esta força e energia, tão própria dos começos, foi então canalizada, por sua iniciativa, para uma ação comunitária (e voluntária) de limpeza das valetas que drenam a água da chuva, na estrada principal de Praia Melão.

Falaram e fizeram!

No passado sábado, dia 29 de março de 2025, às 4h30 (mais cedo do que o habitual), já tocavam os despertadores dos Leigos, na Madre Deus. Em Praia Melão, a população também despertava com naturalidade, mantendo o característico hábito de se levantar com o nascer do sol (ou antes dele), para evitar o calor e fazer face às várias tarefas do dia. Aos poucos, a partir das 6h00, as pessoas e materiais iam chegando ao ponto de encontro, para dar início à tarefa combinada. O grupo foi iniciando o trabalho e crescendo em número. Tinha como objetivo inicial percorrer a estrada de uma ponta à outra do território, e retirar todo o lixo acumulado nas valetas. No entanto, depressa percebeu que teria que reajustar esse plano, quando se verificou que, por baixo do lixo, se acumulavam quilos de terra e lama, que eram a verdadeira razão do entupimento dos canais de drenagem e das águas paradas.

De forma improvisada, rapidamente se criou uma bonita simbiose: constatou-se que toda a terra que estava a mais nas valetas estava a fazer falta na Escola Básica de Pantufo, para a pequena horta que lá se encontrava em construção. Então, o trabalho fluiu! Ervas e lixo eram separados para o carro de recolha, que tinha sido solicitado e cedido pela Câmara Distrital de Mé-Zochi, e a terra era transportada para a escola, em baldes, à cabeça, e em dois carrinhos de mão. Ao ver o movimento em torno da sua escola, também várias crianças se foram juntando e quiseram ajudar neste trabalho.

Com planos e objetivos reajustados, a limpeza terminou num local bem antes do desejado inicialmente, mas com um resultado que deixou toda a gente satisfeita. No final, ainda houve tempo para descansar e conviver com um pequeno lanche. Um encontro feliz pelo desfecho da limpeza e pelos laços que se estreitaram. No total, esta atividade comunitária contou com mais de 15 participantes e outras tantas crianças.

Este projeto é financiado pelo Camões I.P.

Jornalista: Inês Rocha, missionária dos Leigos para o Desenvolvimento na Missão em Praia Melão, São Tomé e Príncipe.