Missão S. Tomé e Príncipe

 

Falar de S. Tomé e Príncipe é falar da primeira missão dos Leigos para o Desenvolvimento, onde em outubro de 1988 se fixou a primeira comunidade de voluntários, na Roça da Vista Alegre. Nasceu depois uma missão no bairro da Madre Deus, que dura até à atualidade e também uma missão em Água Izé, que durou 8 anos. Nessa altura e de acordo com as necessidades locais as principais áreas de atuação dos LD foram a educação, a ação social e a saúde.

Em 2010 concluímos a nossa intervenção no Instituto Diocesano de Formação João Paulo II, uma escola de referência no país criada em parceria com a Diocese de S. Tomé e Príncipe, e um dos projetos emblemáticos da nossa história. Em 2016 esta instituição de ensino foi transferida pela Diocese para o Ministério da Educação e é hoje a Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe-Centro de Ensino e Língua Portuguesa.

Também em 2010 ocorreu a transferência aos parceiros locais de outros projetos emblemáticos apoiados ao longo de duas décadas, como os Campos de Férias, os Centros de Apoio Escolar e Bibliotecas (CAEB) e a Cozinha Social de Água Izé.

Foi nessa altura que ocorreu um processo de reposicionamento estratégico da nossa organização em S. Tomé e após um trabalho de diagnóstico tomou-se a decisão de intervir no Bairro da Boa Morte, na Cidade de S. Tomé e na Roça de Porto Alegre, onde atuamos desde final de 2011.

Em Porto Alegre o ciclo de missão ficou concluído em 2022, depois de vários projetos desenvolvidos em conjunto com a comunidade local. Destacamos o Percurso Interpretativo Histórias ao Sul, o Grupo Comunitário de Porto Alegre, o Grupo de Surf, de Costura, de Sabão, de Farinha Mandioca, a Rádio Comunitária e a Marca Porto Alegre Leva-te Lá. Bem como a construção de algumas infraestruturas como o Centro de Recursos Educativos e Formativos (CREF), a Creche de Vila Malanza e o Centro Cultural Comunitário.

No Bairro da Boa Morte estamos no ciclo 2023/2024 a preparar a passagem dos projetos à comunidade local e em trabalho de diagnóstico e preparação para a abertura de uma nova missão, a Missão de Praia Melão

CIDADE SÃO TOMÉ

O Bairro da Boa Morte é um bairro da periferia da cidade capital de S. Tomé que conta com cerca de 6.000 habitantes. À semelhança de outras realidades das periferias dos centros urbanos, registam-se focos de pobreza, dificuldades no acesso ao emprego, à formação, à educação e à saúde e fracas condições de habitabilidade. Muitos dos seus habitantes migraram das “roças” para a cidade na expectativa de melhorar as suas condições de vida, mas a proximidade ao centro da cidade não significa em muitas das vezes um acréscimo de oportunidades e aqui deixaram de ter acesso à terra que lá lhes garantia a subsistência alimentar básica. O bairro revela um dinamismo associativo e comunitário atípico, com grande número de grupos informais de teatro popular, dança, música e desporto.

Desde 2011 temos implementado o Programa de Desenvolvimento Comunitário da Boa Morte com os seguintes projetos:

Grupo Comunitário do Bairro da Boa Morte

O Grupo Comunitário do Bairro da Boa Morte, criado em 2011, reúne as forças vivas do bairro, desde associações e grupos culturais, igrejas, agentes de educação e saúde, órgãos do poder local, entre outros, proporcionando um espaço de partilha, de experiências e recursos e de resolução de problemas de comunidade. O Grupo é composto por mais de 30 entidades que reúnem a cada 3 semanas e de entre as suas ações destaca-se a criação do projeto Bairro Limpo, como resposta a uma das maiores preocupações da comunidade. Atualmente, o Grupo tem na sua agenda fazer uma reflexão sobre diferentes eixos (saúde, educação, segurança, infraestruturas, ação social, cultura desporto e lazer e economia), com vista à elaboração do Roteiro de Desenvolvimento do Bairro da Boa Morte para os próximos 5 anos.  

Grupo de Tchiloli Formiguinha da Boa Morte

Os Leigos para o Desenvolvimento têm acompanhado desde 2015 o Grupo de Tchiloli Formiguinha da Boa Morte, oriundo do Bairro da Boa Morte em S. Tomé, que existe desde 1956. O Tchiloli – Tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador Carlos Magno, é baseado num texto quinhentista de Baltasar Dias, poeta cego madeirense, e nasce da fusão entre o património português e santomense da qual resulta uma representação teatral, reinventada pelo povo de São Tomé e Príncipe.

O trabalho desenvolvido com o grupo assenta numa lógica de capacitação que pretende preparar os seus membros e dirigentes para serem promotores de uma resposta de Economia Criativa, promovendo e valorizando um património imaterial único, junto de nacionais e estrangeiros. Do ponto de vista da preservação e qualificação artística conta-se com a parceria do Teatro Viriato. O Grupo de Tchiloli Formiguinha da Boa Morte efetua atuações no terreiro, no próprio Bairro e também em empreendimentos turísticos e em eventos.

Este projeto, a par com o Roteiro da Boa Morte, está incluído no Projeto ReCriar o Bairro, dinamizado pelos Leigos para o Desenvolvimento e financiado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Roteiro da Boa Morte

O Roteiro da Boa Morte é um projeto de turismo comunitário que se apresenta como um produto único, diferenciado e focado na promoção e divulgação da enorme riqueza cultural existente no Bairro da Boa Morte, em São Tomé e Príncipe, agregando história, arte pública, artesanato e Tchiloli.

Surge no âmbito do Projeto ReCriar o Bairro, dinamizado pelos Leigos para o Desenvolvimento e financiado pelo Instituto Camões e pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Visite o site oficial do Roteiro da Boa Morte e veja o vídeo de apresentação do projeto.

Luxan Non Limpo

O Projeto Bairro Limpo (LUXAN NON LIMPO) é um projeto que assenta num modelo Comunitário de Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos, que tem como objetivo um bairro mais saudável, com maior qualidade de vida para os seus habitantes e melhor imagem para todos.

Perante a inexistência de qualquer mecanismo de recolha de lixo no Bairro da Boa Morte e no seguimento da preocupação crescente com as questões de saneamento, o Grupo Comunitário da Boa Morte introduziu como prioridade a sensibilização à comunidade para o tema e a implementação de um modelo piloto de recolha. A recolha de resíduos é feita porta a porta (recorrendo a uma moto-carrinha), e complementada com a distribuição alargada de caixotes comunitários de deposição de resíduos pelo bairro. 

Este Programa teve o financiamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. 

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