Jesuítas abrem Serviço de Escuta

Serviço abre oficialmente hoje, Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a Exploração e Abuso Sexual. Destina-se a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais cometidos nas instituições da Companhia.

A Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ) abre hoje o seu Serviço de Escuta. Este serviço destina-se a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais cometidos nas instituições da Companhia de Jesus em Portugal, seja por jesuítas, colaboradores, funcionários ou voluntários, e independentemente da data dos factos. Este serviço, que abre oficialmente hoje, Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a Exploração e o Abuso Sexual, pode ser contactado por email, por telefone ou carta e tem uma equipa especializada e vocacionada para atender as pessoas e escutar as denúncias.

O Serviço de Escuta pretende atender às necessidades de cada uma das possíveis vítimas de abuso, minimizar o seu sofrimento e procurar reparar, de algum modo, o mal que sofreram, na certeza de que não há nada que apague a dor causada por um abuso sexual. A este serviço podem ser denunciadas situações que não foram relatadas anteriormente à PPCJ ou que, tendo sido, não tenham recebido o tratamento adequado.

Todos os casos relatados ao Serviço de Escuta serão analisados e tratados, desencadeando os processos que se afigurem necessários e adequados, seja no foro civil ou canónico.

O Serviço de Escuta parte do desejo da Igreja Católica de colocar as vítimas no centro da sua atuação em matéria de abusos sexuais e de curar as suas feridas, na medida em que isso seja possível. Reconhecendo que pode haver pessoas em sofrimento na sequência de experiências tão duras e devastadoras, a Companhia de Jesus em Portugal compromete-se a criar todas as condições de confiança e segurança para que as vítimas possam revelar a sua história.

O contacto do Serviço de Escuta pode ser feito diretamente por email ([email protected]) ou por carta (morada: Estrada da Torre  26, 1750-296 Lisboa), telefone (de segunda a sexta-feira, entre as 9h30 e as 18h, através do número 217543085), ou presencialmente junto da coordenação do Sistema de Proteção e Cuidado (SPC), que dispõe de uma equipa a quem caberá receber e escutar a vítima. Esta equipa é composta por pessoas com formação específica que ajudarão a identificar as necessidades de cada possível vítima e a encontrar as respostas mais adequadas, seja ao nível psicológico, espiritual, ou outro. Através destas pessoas, as vítimas serão acompanhadas ao longo dos processos que possam vir a ser desencadeados pela denúncia, como por exemplo, um processo canónico ou civil.

O Serviço de Escuta integra o Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis (SPC) que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus começou a implementar em 2018 em todas as instituições e organizações ligadas aos jesuítas em Portugal, como colégios, paróquias, associações de jovens ou instituições sociais. Este sistema é dedicado à promoção de ambientes seguros e relações saudáveis dentro destas organizações, apostando, por isso, na sensibilização e formação dos seus colaboradores e na prevenção de situações de maus tratos e abusos. Apesar de o SPC já possuir atualmente condições para que qualquer abuso ou mau trato seja sinalizado, tratado e encaminhado para as entidades a quem compete investigar e julgar, a Companhia entendeu dar mais este passo para acolher casos que possam ter acontecido no passado.

A criação do Serviço de Escuta conta ainda com o apoio de um grupo consultivo composto por pessoas internas e externas à Companhia, com competências em áreas distintas de intervenção, que ajudarão a Província Portuguesa da Companhia de Jesus a concebê-lo e implementá-lo de acordo com as melhores práticas e o objetivo da sua missão. Integram este grupo Ângelo Fernandes (técnico de apoio à vítima), Joana Garcia da Fonseca (psicóloga), P. Luís Marinho (padre diocesano), Marta Sá Rebelo (jurista), P. Pedro Cameira (jesuíta), Pedro Gil (consultor de comunicação) e Teresa Ravara (jurista).

 

Mais informações:

Declaração do P. Provincial sobre criação do Serviço de Escuta
Entrevista à coordenadora do Serviço de Escuta
Perguntas e respostas sobre o Serviço de Escuta
Notícia sobre criação do Serviço de Escuta