Gambozino,

Ser Gambozino é mesmo bom! E não te digo isto da boca para fora, como quem tem grandes convicções e não reflete sobre elas por uma só vez. Digo-to com toda a certeza! É mesmo bom! E não é difícil ver o porquê. Aquele sentimento forte que os campos trazem e que nos enche de alegria, o aprender a servir e o querer servir, as amizades, os BDS’s… Não podia pedir melhor!

Mas não é fácil, também. Ser gambozino pode ser mais tramado do que aparenta. Isto porque toda a energia e alegria que temos depois de uma atividade ou campo é como uma flor e, se não a regarmos todos os dias, acabará por murchar. Por isso é que falamos disto sempre nos campos, e focamos na ideia de ter de levar o campo para a nossa casa. Mas, com o passar dos campos, percebi que mais do que levar o campo para casa, e para vida, é perceber o campo que já existe na vida, que lhe é inerente, e que nós, atarefados com as coisas dos dias, acabamos por não ver. Porque os gambozinos andam por aí, andam mesmo à solta!

Estão nos dias em que olhamos para a nossa caixa de memórias de campos e andamos cheios dessa vontade de ajudar, estão nas tardes de verão com primos e irmãos a cantar as músicas de campo que mais gostamos, estão também quando conhecemos pessoas novas, sabemos que fazem campos, e partilhamos memórias, porque o campo é outro mas o gambozino está lá! Estão nos nossos amigos gambozinos, e nos que não são gambozinos também, no seu sentido oficial, mas que vivem como tal. Estão nos nossos pais que, como só um bom gambozino sabe fazer, põe tanto ao serviço do outro…

Os gambozinos estão por aí. Andam por toda a parte! E nós devemos estar atentos e sê-lo também para assim viver dessa alegria que é a de ser gambozino.

Maria Dominguez